Se é português ou vive em Portugal, certamente já ouviu falar na Rainha Santa Isabel, ou até mesmo no “Milagre das Rosas”. Mas quem é esta figura, tão presente na cultura popular portuguesa, com festas, procissões, romarias e até mesmo um dia em sua honra, de quem tão frequentemente ouvimos falar? Hoje, aniversário da sua morte, falamos um pouco deste nome incontornável da História de Portugal.
Filha de Pedro III de Aragão, D. Isabel cresce na corte aragonesa e cedo demonstra inclinação para a vida monástica. Ainda jovem, e apesar de ter outros pretendentes, acaba por casar com D. Dinis nos inícios da década de 80 do século XIII e é assim que se torna rainha consorte portuguesa. D. Isabel destaca-se, por um lado, pelo seu carácter interventivo. A rainha acompanhava o marido em diversas áreas da governação e nas suas deslocações pelo reino. Desempenhou um papel de mediação, primeiro, no conflito de D. Dinis com o seu irmão D. Afonso, que questionava a sua legitimidade como herdeiro ao trono de D. Afonso III. Depois, no desacordo de D. Dinis com o próprio filho D. Afonso (futuro D. Afonso IV), num confronto de suspeitas mútuas, onde D. Dinis temia ser deposto e o príncipe receava que o pai entregasse o reino ao seu meio-irmão bastardo, D. Afonso Sanches. Após a morte do marido, interveio ainda em conflitos do filho D. Afonso IV com Afonso Sanches e, posteriormente, com D. Afonso XI de Castela. Por outro lado, é recordada também pela sua preocupação com o povo. Consta que aproveitava as viagens com o marido para ajudar os mais pobres, tendo deixado um legado de construção de obras para os doentes, para as mulheres e para os mais carenciados, como hospitais e albergarias, particularmente na zona centro do reino.
É desta forma de estar que surge a popularidade de D. Isabel e, concretamente, o “Milagre das Rosas”. Diz-nos a lenda que se tornaram do conhecimento de D. Dinis as iniciativas solidárias da rainha e que este não as aprovava. Um dia, terá abordado D. Isabel a meio de uma destas acções e questionado o que levava ela no regaço. D. Isabel responde ao rei que leva rosas que, diga-se, não desabrochavam naquela altura do ano. Na verdade, levava pão para os pobres. Quando expõe o conteúdo do que consigo levava, o pão transforma-se em rosas. A Rainha Santa Isabel morreu como viveu, interventiva e dotada de um espírito preocupado, mediador e diplomático, a meio de uma viagem pelo Alentejo com o objectivo de amenizar o conflito entre o seu filho D. Afonso IV e o seu neto, D. Afonso XI de Castela. A Rainha Santa morreu neste dia, há 688 anos. Em 2025 celebram-se 400 anos da sua canonização.
Texto: José Cândido e João Nunes