Os pinguins-de-barbicha da Antártida têm uma solução insuitada para garantir que conseguem descansar enquanto tomam conta dos futuros dos filhotes: milhares de pequenas sestas durante o dia, revela um estudo recente. Nestas colónias agitadas e ruidosas, a guarda dos ovos e das crias requer vigilância constante.
Estes animais adormecem brevemente, durante cerca de quatro segundos, totalizando aproximadamente 11 horas de sono diárias. Ou seja, dorme aproximadamente 10 mil vezes… por dia! Estas “micro-sestas” permitem que os pais se mantenham alerta. Apesar de não enfrentarem muitos predadores naturais durante a reprodução, os pinguins enfrentam riscos, como ataques de grandes aves e possíveis roubos de ninhos.
“Estes pinguins parecem condutores sonolentos, piscando os olhos para abrir e fechar, e fazem-no 24 horas por dia, 7 dias por semana, durante várias semanas de cada vez“, afirma Niels Rattenborg, investigador do sono no Instituto Max Planck para a Inteligência Biológica, na Alemanha, e coautor do estudo.
Pinguins não são os únicos com padrões de sono invulgares
Assim, um grupo de cientistas monitorizaram o sono destas aves pela primeira vez na Antártida. Para tal, usaram sensores para medir as ondas cerebrais de 14 adultos. As conclusões mostram que há uma adaptação do sono em outros animais, como as fragatas que dormem enquanto voam e os elefantes-marinhos do norte, que tiram breves sestas durante mergulhos profundos. As ‘micro-sestas’ dos pinguins-de-barbicha parece representar um novo extremo nesse panorama, segundo os investigadores.
O microssono é “uma adaptação espantosa” para permitir uma vigilância quase constante, explica Daniel Paranhos Zitterbart, que estuda os pinguins no Woods Hole Oceanographic Institution, em Massachusetts, e que não esteve envolvido no estudo.