Um novo estudo, recentemente publicado na revista científica Neurology, destaca uma possível ligação entre o uso prolongado de medicamentos para tratar o refluxo ácido (azia) e um maior risco de demência.
A investigação analisou a relação entre o uso contínuo de inibidores da bomba de protões, como o omeprazol (Prilosec), o esomeprazol (Nexium) e o lansoprazol (Prevacid), e o risco de desenvolvimento de demência. Estes medicamentos são frequentemente prescritos para tratar o refluxo ácido, úlceras gástricas e outras condições digestivas.
Uso prolongado tem efeitos nefastos
A investigadora Kamakshi Lakshminarayan, da Universidade de Minnesota e membro da Academia Americana de Neurologia, liderou o estudo.
“Os inibidores da bomba de protões (IBP) são uma ferramenta útil para ajudar a controlar o refluxo ácido, no entanto, o uso a longo prazo foi associado em estudos anteriores a um maior risco de acidente vascular cerebral, fracturas ósseas e doença renal crónica”, explica.
O estudo envolveu 5.712 participantes, com 45 anos ou mais e média de 75 anos, sem histórico de sintomas de demência. Durante um período de cinco anos e meio, os investigadores concentraram-se em medicamentos sujeitos a prescrição, excluindo versões de venda livre.
As (alarmantes) conclusões do estudo
Durante o período de pesquisa, mais de 25% dos participantes recorreram a medicamentos IBP. Após serem feitos ajustes considerando variáveis como idade, sexo e etnia, constatou-se que aqueles que fizeram uso de IBP por mais de 4,4 anos apresentavam um risco 33% maior de desenvolver demência em comparação com aqueles que não utilizaram tais medicamentos. Dos 497 participantes que relataram o uso prolongado de IBP, um total de 58 (12%) desenvolveram demência.
Lakshminarayan enfatiza que não foram identificados indícios de que o uso esporádico aumente o risco de demência. No entanto, o uso frequente pode ser problemático. Sublinha ainda que os pacientes conversem com seus médicos sobre os possíveis riscos e benefícios antes de realizarem quaisquer modificações em sua rotina de medicamentos.
As alternativas aos inibidores da bomba de protões incluem bloqueadores H2 que atuam de forma diferente na produção de ácido. Contudo, os investigadores alertam sobre a prudência necessária ao mudar de medicamento e destacam as limitações do estudo.