É o assunto do momento no futebol português. A ida de Rúben Amorim para um dos maiores emblemas do futebol mundial está a dar que falar. Porém, a fase complicada que o Manchester United vive desportivamente também faz correr muita tinta na imprensa da especialidade.
Antes da partida para Manchester, o técnico português termina o percurso ao serviço do Sporting, num último jogo contra o SC Braga, onde venceu o primeiro título como treinador (Taça da Liga 2019/20). Mas, a história de Amorim começou muito antes, por diversos cantos da cidade de Lisboa.
As origens de Rúben Amorim
Nascido em Vila Franca de Xira a 27 de janeiro de 1985, Rúben Amorim ingressou no mundo do futebol com apenas nove anos, quando começou a treinar na Academia do Benfica. Apesar de ser o clube do coração e ter o sonho de jogar pelo Benfica, viria a sair da academia benfiquista aos 17 anos, não conseguindo resistir à habitual seleção natural nos escalões de formação dos clubes de maior dimensão.
No meio desse trajeto adolescente, jogou ainda dois anos no Clube Atlético Cultural da Pontinha e cerca de meio ano no Ginásio Clube de Corroios, na margem sul do Tejo.
Seguiu depois para o Belenenses, onde fez os últimos dois anos de formação como júnior e onde acabaria por se lançar a nível sénior. O clube do Restelo foi também uma grande rampa de lançamento para se afirmar nas seleções jovens. Somou, ao todo, 37 internacionalizações, bem mais do que os 14 jogos que haveria de fazer na seleção principal.
No Belenenses, afirmou-se como um médio-centro inteligente e tecnicamente dotado até atingir o nível que, em 2008, lhe valeria um bilhete de regresso ao Benfica. O sonho adiado concretizou-se e foi recheado de sucessos. Chegou a uma final europeia e conquistou 10 títulos, incluindo três campeonatos nacionais pelas águias.
Mas, nem tudo foram rosas para o futuro treinador do Manchester United. Adaptações que o faziam jogar em posições que não gostava, lesões muito complicadas, dois empréstimos ao Braga e, por fim, um empréstimo para o Al-Wakrah do Qatar, em 2015. Nessa altura, estava num nível físico que já não servia para os grandes palcos. Foi, por isso, o marco final da carreira como jogador.
O peso de Lisboa
A capital portuguesa marcou a carreira de jogador de Rúben Amorim, mas também a que viria a ter como treinador.
No verão de 2018 em Pina Manique, Rúben Amorim começava a treinar o Casa Pia AC. Na altura, militava no terceiro escalão do futebol português como estagiário no papel mas, na prática, como líder principal.
O sucesso chamou à atenção do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol. O treinador acabou multado e suspenso por um ano devido à falta de habilitações. Rúben saiu a meio da época. No entanto, o Casa Pia acabou por subir à Segunda Liga e o castigo foi retirado.
A ascensão de uma estrela
Na época seguinte, começou a ascensão meteórica de Amorim. Em 2019/20, volta a Braga para treinar a equipa B. Mas acaba por ser promovido à equipa principal poucos meses depois. Em março de 2020 – dias antes do início da pandemia de covid-19 – assina pelo Sporting.
Volta a Lisboa para, depois de muitas dúvidas e críticas, provar e superar todo o potencial que lhe era apontado no grande rival do seu clube de infância.
Entre alguns altos e baixos, Amorim fez o seu caminho por mais um clube de Lisboa. E este caminho foi sem dúvida o mais espetacular. Acaba o trajeto como um dos maiores e melhores treinadores da história dos leões e, acima de tudo, virou para melhor um clube que estava completamente do avesso. Devolveu esperança aos adeptos, venceu cinco títulos e elevou o clube a um patamar raramente visto em Alvalade nos últimos 50 anos.
São muitos os clubes de Lisboa que moldaram e influenciaram aquela que é uma das maiores personalidades do momento em Portugal e na Europa. Um lisboeta também ele que, agora, como muitos outros, vai procurar provar o que vale lá fora.
Texto: João Morais
Imagem: Facebook Sporting CP