As mulheres têm um papel importante no combate às mudanças climáticas. Mulheres que lutaram pela causa ambiental tiveram e têm grande protagonismo e a luta é um dos grandes desafios que a humanidade vai ter que enfrentar nos próximos anos.
A Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu durante a Quarta Conferência Mundial sobre a Mulher de Pequim em 1985 três objetivos estratégicos referentes à mulher e ao meio ambiente:
- A participação ativa das mulheres em todos os níveis de adoção de decisões sobre o meio ambiente;
- A integração e suas preocupações e perspectivas em políticas e programas relacionados com o meio ambiente;
- A implantação de métodos de avaliação da repercussão das políticas de desenvolvimento e ambientais nas mulheres.
Diversas mulheres exibem seu ativismo diariamente e lutam para melhorar a saúde do meio ambiente. Elas defendem causas, enfrentam polêmicas e perigos, e estão deixando um legado inspirador. Alguns exemplos conhecidos, são:
Rachel Carson: bióloga marinha e escritora da natureza. Carson, alimentava movimento ambiental global com seu livro de 1962 chamado Primavera silenciosa, onde descreve os perigos dos pesticidas químicos. Seu livro foi proibido em vários países e ainda desencadeou o movimento que levou a criação da Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA).
Wangari Maathai: professora, ativista ambiental e fundadora do movimento Green Belt, que foca na conservação ambiental e nos direitos das mulheres no Quênia.
A participação das mulheres na tomada de decisões é essencial na governança ambiental pois são as mulheres as mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas. Também são as mulheres as campeãs climáticas já que a ação climática é reforçada por sua presença e liderança e fontes de vida, para cuidar do planeta.
A relação entre equidade de gênero e crise climática
Aquecimento global deve agravar a desigualdade de gênero, afetando a saúde de mulheres e meninas, expondo, principalmente, as que residem em países mais pobres e com grandes desigualdades sociais, pois elas percorrerão distâncias maiores para coletar água, alimentos, e outros meios para garantir sua subsistência serão afetados.
O reconhecimento da contribuição real ou potencial feminino para a sobrevivência do planeta e para o desenvolvimento permanece limitado. A desigualdade de gênero e a exclusão social continuam a aumentar os efeitos negativos da gestão ambiental insustentável e destrutiva sobre mulheres e meninas. Normas sociais e culturais discriminatórias persistentes, como acesso desigual à terra, água e outros recursos e a falta de participação nas decisões relativas ao planejamento e gestão da natureza, muitas vezes levam à ignorância das enormes contribuições que podem dar.
Investimento garantido no meio ambiente
O argumento é que investir em mulheres e meninas cria efeitos em cascata que são sentidos em comunidades inteiras, o conhecimento de linha de frente que elas possuem é necessário agora mais do que nunca. Por milênios, as mulheres tiveram uma relação especial com a natureza. Elas contribuem enormemente para o bem-estar e o desenvolvimento sustentável de suas comunidades, bem como para a manutenção dos ecossistemas, da diversidade biológica e dos recursos naturais do planeta.
Em declarações feitas no Pavilhão Indígena na COP26, a jovem ativista Maja Kristine Jama disse que a mudança climática no Ártico está acontecendo muito rápido. Ela destacou que o tempo vem alterando acompanhado de muita instabilidade. Onde os invernos são instáveis, o congelamento do gelo não ocorre como deveria. Todo o conhecimento tradicional para administrar a paisagem também está mudando. No mesmo evento, Elle Ravdna Nakkakajarvi apela aos líderes mundiais que escutem as mulheres : “Não façam promessas vazias, porque somos nós quem sentimos as mudanças climáticas em nossos corpos e temos conhecimento sobre as terras e águas em nossas áreas e podemos encontrar soluções. Nós merecíamos ser ouvidas.”
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), apresentou uma atualização do último Relatório de Lacunas de Emissões. A nova versão inclui dados de promessas feitas desde o início da conferência, o relatório revelou que com as atuais contribuições e promessas nacionais, o mundo estava a caminho de reduzir cerca de 7,8% das emissões anuais de gases de efeito estufa em 2030, uma lacuna entre os 55% necessários para conter o aquecimento global para 1,5º C. A diretora executiva da agência, Inger Andersen, ressalta que o mundo ainda “não está fazendo o suficiente, não está onde precisa estar e precisa dar um passo à frente com muito mais ação, urgência e muito mais ambição”.
Claudia Girelli