Os anos dourados devem ser exatamente isso – dourados. Para muitos, são. A taxa de depressão entre pessoas com 60 ou mais anos é de cerca de 6%, um valor inferior ao da população em geral. Contudo, é crucial reconhecer que entre idosos com 85 anos ou mais, essa taxa aumenta para 27%. Em muitos casos, a depressão passa despercebida ou não é tratada. Embora sentir-se triste ocasionalmente seja natural, a depressão não é uma parte normal do envelhecimento. Reconhecer os sinais é essencial, pois é tratável.
O sintoma de depressão que muitos ignoram
Um sintoma inesperado de depressão em idosos que frequentemente passa despercebido é a fadiga. “Uma pessoa deprimida muitas vezes carece de energia mental, motivação e tem dificuldades para dormir. Esse sono inadequado resulta em fadiga e cansaço durante o dia”, aponta Faith Atai, especialista em geriatria.
Explica ainda que pessoas deprimidas geralmente não se exercitam, não se alimentam adequadamente e não dormem bem, o que contribui para a fadiga. “A fadiga não é apenas um cansaço normal. É uma falta de energia crónica e extrema em que se pensa que não se consegue fazer nada”, afirma.
Quando a fadiga é um sintoma de depressão, geralmente vem acompanhada de outros sinais, como alterações no sono, apetite, sentimentos de desesperança, inutilidade, culpa, sensação de ser um fardo, e até pensamentos suicidas. Faith Atai destaca que uma pessoa deprimida frequentemente abandona atividades que antes lhe traziam alegria. Essas mudanças podem ser indícios de que a fadiga é um sintoma de depressão.
Como lidar com a fadiga
Se um idoso estiver a sentir fadiga de forma regular, o primeiro passo é consultar um médico. É importante descartar causas médicas para a fadiga, como distúrbios da tireoide, problemas cardíacos, deficiência de ferro ou vitamina B12, que podem impactar a energia e o humor, conforme explica a professora de psiquiatria geriátrica Susan Maixner.
Para depressão leve a moderada, a terapia pode oferecer um espaço seguro para discutir problemas e aprender técnicas de gestão de ansiedade e depressão. Em casos mais graves, a medicação, combinada com aconselhamento, é altamente eficaz, de acordo com Susan Maixner.
Enquanto procura ajuda, há maneiras de gerir a fadiga causada pela depressão. Os médicos recomendam uma alimentação rica em nutrientes para fornecer energia, além de exercícios físicos (quando possível). “Ser social e estar com outras pessoas frequentemente eleva a energia e diminui a concentração na fadiga”, acrescenta.