Escova manual ou elétrica, qual a melhor?

Os estudos disponíveis indicam que as escovas de dentes elétricas podem realmente ser melhores do que as manuais no que toca à remoção da placa bacteriana e na prevenção da gengivite. O seu pode até ajudar na luta contra doenças dentárias comuns. Mas qual é o grau real de eficácia?

Apesar de escovar os dentes diariamente e de preferência pelo menos duas vezes por dia, a verdade é que muitos não o fazem da maneira mais eficaz. É precisamente neste ponto que as escovas de dentes elétricas entram em cena, prometendo assumir parte do trabalho por e compensar essas deficiências técnicas.

O que dizem os estudos?

Foi no início do milénio que surgiram as primeiras “guerras das escovas de dentes”. Porém, na altura as evidências eram pouco convincentes. Os céticos referiam-se a um estudo de 1969 que não encontrou benefícios tangíveis nas escovas de dentes elétricas após dois anos de uso, embora tenha concluído que as crianças as achavam mais divertidas e que pessoas com deficiências tinham mais facilidade no seu uso. No entanto, as escovas de dentes elétricas evoluíram substancialmente desde então, tornando esse estudo menos relevante.

A respeitada Biblioteca Cochrane, que sintetiza e resume informações médicas, realizou uma revisão de 56 estudos publicados entre 1964 e 2011. Chegaram ao ponto de solicitar dados não publicados, como informações de conferências não registadas em artigos revistos por pares, o que pode reduzir vieses nos dados. A revisão descobriu que após um a três meses de uso de escovas de dentes elétricas, houve uma redução de 11% na placa bacteriana e uma redução de 6% na gengivite. Após três meses de uso, essas reduções aumentaram para 21% na placa bacteriana e 11% na gengivite. Embora a revisão não faça afirmações sobre a saúde oral a longo prazo, os resultados não podem ser ignorados.

Um estudo mais recente realizado em solo alemão, também relatou associações positivas com escovas de dentes elétricas: os 2.819 que nele participaram, tiveram 20% menos perda de dentes em comparação com aqueles que usam escovas de dentes manuais durante um período de 11 anos. De acordo com esse estudo, as maiores vantagens foram observadas em pessoas com melhor saúde oral, destacando a importância da prevenção em relação ao tratamento.

Quanto mais caro, melhor?

Outra investigação recente descobriu que, ao contrário do que muitos pensam, as escovas de dentes ultrassónicas podem ter o efeito contrário ao desejado. Isto é, podem estragar a placa dentária formada por cadeias de bactérias Streptococcus mutans cariogénicas, um dos principais responsáveis pelas cáries.

Além disso, há ainda a questão dos diferentes tipos de escovas de dentes elétricas. Será que uma escova de dentes elétrica com inteligência artificial e tela LED de 200 euros é melhor do que uma escova de 20 euros? Uma revisão da Cochrane em 2010 analisou diferentes tipos de escovas de dentes elétricas e, embora as evidências fossem mais limitadas, concluiu que as escovas com cabeças oscilantes pareciam funcionar melhor.

Em resumo, a pesquisa sugere que as escovas de dentes elétricas oferecem benefícios em relação à saúde bucal, especialmente na redução da placa bacteriana e gengivite, principalmente quando usadas como ferramentas de prevenção. Embora as evidências existentes tendam a favorecer as escovas elétricas, a verdade é que são necessários estudos em maior escala para poder chegar a uma conclusão definitiva.

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