Já está a circular na Internet e nas redes sociais uma campanha que vai explicar aos mais jovens – e não só – o que não podiam fazer se vivessem em Portugal há 50 anos. Em 2023, assinala-se o cinquentenário da revolução que devolveu aos portugueses garantias e liberdades e instaurou a democracia no país.
A TejoMag falou com Maria Inácia Rezola, comissária executiva das comemorações dos 50 anos do 25 de abril. Realçou a importância de explicar às gerações mais novas as conquistas de há 49 anos e por que razão deve a transformação do regime ficar na memória das que já não a vivenciaram.
“O 25 de Abril encerra uma dimensão geracional significativa: quem viveu a ditadura perceciona as “conquistas revolucionárias” de forma diferente em relação às gerações que nasceram depois do 25 de Abril ou depois da viragem do milénio. Pretendemos que os 50 anos do 25 de Abril sejam uma oportunidade para refletir sobre os próximos 50 – e o contributo dos mais novos é absolutamente indispensável nesse debate”, aponta Maria Inácia Rezola.
A iniciativa resumida na hashtag #NãoPodias conta com vários trabalhos publicados em plataformas como o Facebook, Instagram ou o Youtube. A ideia será que a mensagem seja difundida de forma mais rápida, através de ilustrações e pequenos vídeos sobre o que não podia ser feito antes de 25 de abril de 1974.
“A Campanha surge neste contexto. Queremos, com recurso às plataformas e linguagens que são familiares a estes públicos, mobilizar mesmo os menos politizados e menos interessados em temas históricos. A nossa expectativa é que os jovens participem na iniciativa e que mobilizem outros públicos, como os seus pais e avós, para esta reflexão sobre a Liberdade.”
O direito à educação – bem como o acesso ao êxito escolar – só foi consagrado na Constituição Portuguesa após 1974.
“Não podias votar. Não podias expressar-te. Não podias discordar. Não podias viajar livremente. Não podias reunir-te. Será que conseguimos imaginar como era viver num país assim?”. É desta forma que arranca um vídeo partilhado no Youtube pela Comissão dos 50 anos do 25 de abril. Maria Inácia Rezola enumera os vários limites que a ditadura impunha aos portugueses e que hoje seriam inconcebíveis. Uma das frases fortes do vídeo indica que conhecer o passado permitirá valorizar as conquistas de abril e valorizar a conquista da liberdade e da cidadania.
“Estou muito satisfeita com o resultado. Temos visto, quer partilhas dos recursos que disponibilizamos no nosso site, quer interpretações dos #NãoPodias que selecionámos”.
A campanha foi desenvolvida em 11 ilustrações que mostram os vários conceitos proibidos antes de 1974. O contacto estreito com a restante realidade europeia não acontecia.
A grande maioria de nós não sabe o que é viver sem liberdade. Em março do ano passado, Portugal cumpriu 17.500 dias em liberdade, mais um que em ditadura.
Mas já em 2018, a propósito das comemorações dos 44 anos da revolução, se tinha atingido um marco importante: Mais de metade da população portuguesa tinha nascido depois de 1974. Será que os jovens valorizam abril da mesma forma?
“Como professora, encontro sucessivas gerações de jovens para quem o 25 de Abril é uma realidade muito longínqua, mas que desperta grande interesse. Temos de ser nós a ir ao encontro deles, e não esperar que sejam eles a procurar-nos. Devemos ser criativos, dialogantes e proativos. É impossível chegarmos a todo o País, a todos os jovens. Felizmente, existem no terreno muitas entidades e agentes empenhados em mobilizar os jovens para as comemorações. O 25 de Abril é o momento fundador da democracia portuguesa. O seu 50.o aniversário é uma oportunidade relevante para a divulgação da história e da memória para as novas gerações.”
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