O talento que te distingue

Nos idos de 2019, o Prof. Eduardo Marçal Grilo, ex-ministro da Educação, dizia isto em uma entrevista:

“Importa dizer uma coisa, que falha muitas vezes na educação. O rapaz ou a rapariga terem dificuldade em ser auto-confiante, confiarem em si próprios. E isto é um trabalho que não é fácil, porque muitos miúdos têm inseguranças. Mas a segurança ganha-se por coisas simples. Quais? Por exemplo, se os pais ou a escola forem capazes de identificar o talento que ele tem. Todas as pessoas têm um talento qualquer. Quando falamos nisto pensamos no Cristiano Ronaldo ou Mourinho, com um talento fantástico, à escala planetária. Não estou a falar nesse tipo de talento. Estou a falar da pessoa que têm propensão para determinada coisa, que gosta de fazer determinada coisa, que tem gosto, que tem jeito e que é capaz de trabalhar em determinada coisa. Pôr uma pessoa a trabalhar numa coisa de que gosta é um fator que aumenta imenso a autoconfiança. Um miúdo que gosta de matemática, que gosta de ler, que gosta da parte experimental, que é capaz de fazer coisas com as mãos, inventar, criar, deve ser incentivado a fazê-lo.”

Estas são palavras sobre as crianças. E como é em relação aos adultos? E nas empresas? Como são identificados e potenciados os talentos de cada pessoa?

Cada pessoa – cada um de nós – tem características próprias e que a distingue dos outros. É importante conhecer e tomar consciência dessas características. E poder potenciá-las.

Crescemos pela diferença. E isso dá amplitude à vida e à relação entre as pessoas. Complementamo-nos e enriquecemo-nos, como se fôssemos um puzzle. O contributo particular de cada um faz parte do todo e é essencial para o todo.

Cada um tem qualidade e defeitos, pontos fortes e pontos fracos.

A autoconfiança decorre da combinação dos pontos fortes e fracos. É importante ter consciência daquilo em que sou bom e daquilo para que não tenho jeito. Mas não basta ter jeito. O talento cresce quando adquirimos ferramentas para desenvolvê-lo.

Nas crianças, é importante reparar e potenciar aquilo para que manifestam apetência natural. Se gosta de pintar, é importante elogiá-la, valorizá-la, reconhecê-la. Assim vai ganhando autoconfiança.

Quando somos adultos, devemos olhar para o que potencia em vez daquilo que limita. Porque é mais fácil destacarmo-nos naquilo em que já estamos num ‘nível superior’. Ter o foco naquilo para que temos jeito ou talento ajuda a ter entusiasmo, e este é contagioso. É fácil reconhecer quem gosta daquilo que faz e quem não gosta. A paixão é algo que transborda naturalmente. 

Pessoas apaixonadas gostam do que fazem, criam bom ambiente, inspiram, têm melhores resultados. Como diz um anúncio, energia cria energia. As pessoas que normalmente admiramos são aquelas que descobriram os próprios talentos e apostaram neles. 

Por exemplo, Freddie Mercury. Poderia ter passado a vida a carregar malas no aeroporto. Nunca ninguém saberia quem era. Mas tinha um talento e apostou nele. E foi o monstro de palco e artista que conhecemos.

Não podemos dar o que não temos. Por isso, devemos desenvolver e exercer o nosso dom. 

Cada qual tem o seu. Por isso é único. É esse o teu poder.

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