Paula Rego faleceu a 8 de junho de 2022, em Londres, aos 87 anos. No mundo, deixou um legado inquestionável. Foi a pintora portuguesa mais reconhecida a nível internacional, tendo sido considerada, pelo Financial Times, uma das 25 mulheres mais influentes do mundo.
Nasceu em Lisboa a 26 de janeiro de 1935, no seio de uma família de renome com uma educação anglo-saxónica. Maria Paula Figueiroa Rego, reconhecida como Paula Rego, viveu os três primeiros anos da sua vida na pacata vila da Ericeira, em Mafra com os avós paternos. Iniciou os seus estudos no Colégio Integrado de Monte Maior, em Loures. No entanto, foi em 1945 que começou a estudar na St. Julian’s School em Carcavelos, local onde o seu talento para a pintura não passou despercebido entre os seus professores.
No ano de 1952 parte em direção a Londres, Reino Unido, para estudar na Slade School of Fine Art. Em 1954, recebe o 1.º prémio de Summer Composition da escola inglesa. Finaliza os estudos em 1956 e, no ano seguinte, Paula Rego volta a ir viver com a sua família para a Ericeira, onde permanece até 1963, ano em que regressa a Londres.
A biografia
Após 20 anos a viver na cidade inglesa, Paula Rego torna-se professora convidada de Pintura na escola onde estudou, Slade School of Fine Art e é em 1988 que realiza a primeira grande exposição individual da sua autoria na Serpentine Gallery em Londres.
O seu talento e dedicação começam entretanto a destacar-se, e, em 1999 recebe o título de Doutora honoris causa em Letras (o título mais importante que uma universidade pode conceder a uma personalidade que se tenha destacado numa determinada área pela sua virtude e mérito dedicado à cultura e educação, aprovado em sessão do Conselho Universitário) pela University of St. Andrews em Fife na Escócia e pela University of East Anglia em Norwich, no Reino Unido.
Recebe esse mesmo título pela Rhode Island of Design nos Estados Unidos da América no ano 2000 e em 2002 recebe pelo The London Institute, em Londres. Em 2005 a Oxford University, em Oxford e a Roehampton University, em Londres, concedem-lhe a mesma honra. Em 2011 é a vez da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa e, em 2015, a University of Cambridge atribui-lhe o seu oitavo título de Doutora honoris causa.
Voltando ao ano de 2001, Paula Rego lança a série composta por 25 litografias Jane Eyre, um livro que fez sucesso e que pode ser encontrado até aos dias de hoje à venda em diversas livrarias. Foi condecorada, em 2004, com a Grã-Cruz da Ordem de Sant’Iago da Espada, concedida pelo Presidente da República Português, Jorge Sampaio. Em 2005, seis das 25 litografias da mesma série foram utilizadas pela empresa Royal Mail para a realização de uma coleção de seis selos no Reino Unido.
Quatro anos depois, foi inaugurada e aberta ao público a Casa das Histórias Paula Rego em Cascais, “um museu dedicado à obra de Paula Rego e Victor Willing”, como referido no site do museu. Em 2010, é nomeada Dame Commander of the Order of the British Empire pela Rainha Isabel II do Reino Unido, pelo seu contributo para as Artes.
Os prémios
Foi também eleita “Personalidade do Ano” pela Associação de Imprensa Estrangeira em Portugal e recebeu o prémio Penagos de Dibujo da Fundación MAPFRE de Madrid, Espanha. Em 2011 a obra “Looking Back”, publicada em 1987, é leiloada por um valor considerado record, 866 mil euros, segundo dados de uma notícia do jornal Público de 29 de junho de 2011.
Em 2013, Paula Rego recebe o Grande Prémio Amadeo de Souza-Cardoso (Consagração) no Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso em Amarante, Portugal. É eleita Membro Honorário do Murray Edwards College em Cambridge, no Reino Unido e, em 2016, recebe a Medalha de Honra da Cidade de Lisboa. Em 2017 ganha o prémio Maria Isabel Barreno e, aos 84 anos, recebe a Medalha de Mérito Cultural do Governo Português e é distinguida com o Prémio Carreira pela revista “Harper’s Bazaar”.
Será uma figura para sempre recordada pelas suas obras inigualáveis. Entre elas constam S. Vomiting the Pátria, O Cadete e a Irmã, A Dança, bem como, as séries Vivian Girls, Aborto, O Crime do Padre Amaro, Dog Woman e Possession, obras que podem ser encontradas na Fundação Gulbenkian e na Fundação de Serralves, tal como em museus e galerias internacionais de valor como o Centro de Arte Reina Sofia em Madrid.