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100 anos depois, A Brasileira do Chiado lança um novo desafio

Está lançado o desafio para promover os novos valores no domínio das artes. Há 100 anos, A Brasileira do Chiado convidou, pela primeira vez, vários artistas a expor nas paredes do histórico café. Agora, a ideia é renovar as obras que estão expostas e substituí-las por outras de artistas dos dias de hoje.

Aliás, com o lançamento do Prémio de Pintura, a empresa quer revitalizar a conexão artística do espaço com a cidade de Lisboa. Além disso, vai aproveitar a oportunidade para restaurar as obras colocadas nas paredes da cafetaria.

O concurso conta com a colaboração do programa ‘Lojas com História’ e da Câmara Municipal. Assim, o prémio vai distinguir 10 obras de artistas nacionais, que ficam depois em exposição temporária em 2025. Sabe-se que ficarão à vista, pelo menos, durante nove meses.

Terceira geração de artistas n’A Brasileira 

“Este prémio homenageia e valoriza o fundador e a história, apoia a comunidade artística e retoma a relação de proximidade dos artistas com um lugar do imaginário de todos os lisboetas”, destaca A Brasileira, um dos cafés mais antigos da capital.

Em 1925, Adriano Telles encomendou várias obras a pintores modernistas. O primeiro proprietário da cafetaria acabou por dar espaço à arte moderna portuguesa. Almada Negreiros, António Soares, Jorge Barradas e Stuart Carvalhais são alguns dos artistas que viram as telas colocadas nas paredes da cafetaria. A Brasileira chegou a ser considerada o primeiro museu de arte contemporânea de Lisboa.

Em 1971, chegou a segunda vaga. Foi, depois, dada oportunidade a novos artistas de verem as suas obras expostas. São esses quadros que permanecem até hoje no espaço histórico.

O júri é composto por sete individualidades ligadas, em primeiro lugar, à arte portuguesa e, mais importante, à família de Adriano Telles. A lista de vencedores será conhecida a 19 de novembro, dia em que A Brasileira completa 119 anos de vida.

Rita de Sá, artista plástica. A importância da cor pelos opostos

“O desenho foi sempre delegado para 2º plano. O que está antes, o que não se vê. O que quis fazer foi o encontro. Aquilo que o espectador percebe é que existe um encontro e que esse encontro pode ser diverso: amigável, ou tenso.”, explica Rita de Sá sobre a as últimas obras.

No encontro do desenho e da pintura pretende marcar uma posição: a pesquisa do desenho na história da pintura. A artista plástica trabalha entre as Caldas da Rainha, onde tem atelier no hub criativo da Ceres, e Londres.

Durante muitos anos fez trabalho a preto e branco, quando estudava gravura o trabalho era monocromático, as professoras da ESAD- Caldas da Rainha disseram-lhe que a sua arte seria pintura e não gravura, pela relação e o estudo da cor. “Passados 20 anos faz muito sentido essa descoberta”.

Os trabalhos que começou a desenvolver em Londres vêm da relação do encontro do desenho com a pintura. A série After Turner inspirado no pintor britânico William Turner conhecido pela sua obsessão pelas paisagens perfeitas e pela captação da cor e da luz da paisagem, famoso por quebrar paradigmas na própria pintura.

Rita de Sá passou muito tempo na sala do Turner na Tate Britain só a olhar a pintura. “Esta série consiste em desenhos em papel, em que existe um encontro do desenho com a pintura. A parte de cor é feita em tinta de óleo, normalmente usada na pintura clássica e não é usada no suporte de papel”, teve de encontrar um papel e tinta especial, utiliza tinta de óleo em barra.

Não há pincel, mas há o gesto da mão, tal como o lápis, usa a mão para pintar. O gesto que se vê na pintura é o mesmo gesto que existe no desenho, relação direta com o papel.

ritadesa2 Rita de Sá, artista plástica.  A importância da cor pelos opostos

Exposição na Galeria Cisterna

Na série After You existe “só uma relação da pintura e a mancha encontro de 2 elementos/ objectos. Daí a pressão, enquanto na pintura existe ligação, diálogo, o próprio fundo branco cria uma tensão, mais aberta e mais livre mais condensada. “

As séries de pinturas com fundos brancos After You deram nome à última exposição individual na Galeria Cisterna, com a exposição de 4 séries: After You, After After Turner, Run e Looking After You Too.

As obras After After turner, e Looking After You Too apresentam desenhos de lápis de grafite em papel – pequenos e grandes.

Partem de um estudo sobre a paisagem inspirado no pintor britânico William Turner.  “São objetos, são corpos manifestação física de um gesto da memória, aquilo que quero imprimir nesta representação ou abstração é imprimir um sentimento, que obviamente está relacionada com as nossas memórias.” Seja memória pessoal durante todo o processo de trabalho, ou no próprio gesto ou na escolha cromática e na memória coletiva das pessoas quando olham e tentam ter referências.

ritadesa1 Rita de Sá, artista plástica.  A importância da cor pelos opostos

Na inauguração desta exposição chegaram a identificar luto nas suas pinturas devido ao fundo negro de onde surge as machas. Mas admite que “todos criam um significado para as manchas”.

Para a artista a “memória é algo que deixou de existir, e fica uma marca, um gesto, um cheiro, algo que gostamos tanto, é a única coisa que preserva algo que aconteceu e que já não existe.

Arte do ensino artístico

Rita de Sá preocupa-se muito com a relação das crianças com o desenho, quer saber “como é que funciona neurologicamente” o nosso desenvolvimento na relação com o desenho. “Uma parte que as marca dramaticamente é quando aprendem a ler e escrever, a relação com o desenho muda completamente”.

Pergunto se ter sido mãe desencadeou em si esse interesse, mas revela que o seu estudo sobre o desenvolvimento do desenho na criança começou antes de ser mãe. Uma das cadeiras de mestrado em Ensino das Artes visuais é a didática do desenho, onde explorou todas as didáticas que existiram ao longo dos séculos da aprendizagem do desenho. No mestrado ganhou consciência de como funciona o cérebro nas várias fases do desenvolvimento da criança e do ser humano.

Iniciou a fase curricular do mestrado em Belas-Artes em Lisboa, mas é em Londres que escreve a parte de tese. Onde encontrou uma nova dimensão sobre a arte, diz-me que “há toda uma posição e consciencialização da Arte um pouco diferente.”

Reino Unido muito diferente de Portugal?

“No Reino Unido há muitos apoios para a cultura, o mundo da arte é muito diverso, com muitos nichos. Em Portugal há menos nichos e menos apoios.  As coisas tendem mudar em Portugal, cada vez há mais apoios, mas ainda existe o sentimento de não ser apoiado. Também é um processo de construção, desconstrução ao longo da vida.”, comenta a artista plástica.

Em Londres continua o pensamento da arte, terminou o mestrado, não deu aulas no ensino regular, preferiu dar aulas particulares, descobriu “um universo grande” de familias em homeshooling, ou familias que queriam dar aulas de artes visuais aos filhos em casa.  “Trabalhava com familias em que uma criança estava a ter aula de piano e eu dava aulas de pintura ou desenho”. Conheceu muitas familias com crianças em homeshooling que gostavam de ter apoio ou tutoria em artes visuais, para a preparação de exames, construção de portfolios de artes visuais para serem avaliados pela escola.  Foi nessa altura que começou a pensar em homeshooling para os filhos, e nas possibilidades que se podem desenvolver com as crianças no ensino artístico. Considera ter sido “uma surpresa”, que adotou para os seus filhos.

Está neste momento a produzir a série com fundo preto After You Too  onde explora como funciona a pressão com outro tipo de intensidade de cor, “completamente diferente do fundo branco”.

Rita de Sá prepara uma mostra de obras de pintura para este ano, tem o objetivo de fazer a exposição que “ainda não aconteceu” na cidade das Caldas da Rainha.

Paula Rego, 87 anos de história

Paula Rego faleceu a 8 de junho de 2022, em Londres, aos 87 anos. No mundo, deixou um legado inquestionável. Foi a pintora portuguesa mais reconhecida a nível internacional, tendo sido considerada, pelo Financial Times, uma das 25 mulheres mais influentes do mundo.

Nasceu em Lisboa a 26 de janeiro de 1935, no seio de uma família de renome com uma educação anglo-saxónica. Maria Paula Figueiroa Rego, reconhecida como Paula Rego, viveu os três primeiros anos da sua vida na pacata vila da Ericeira, em Mafra com os avós paternos.  Iniciou os seus estudos no Colégio Integrado de Monte Maior, em Loures. No entanto, foi em 1945 que começou a estudar na St. Julian’s School em Carcavelos, local onde o seu talento para a pintura não passou despercebido entre os seus professores.

No ano de 1952 parte em direção a Londres, Reino Unido, para estudar na Slade School of Fine Art. Em 1954, recebe o 1.º prémio de Summer Composition da escola inglesa. Finaliza os estudos em 1956 e, no ano seguinte, Paula Rego volta a ir viver com a sua família para a Ericeira, onde permanece até 1963, ano em que regressa a Londres.

A biografia

Após 20 anos a viver na cidade inglesa, Paula Rego torna-se professora convidada de Pintura na escola onde estudou, Slade School of Fine Art e é em 1988 que realiza a primeira grande exposição individual da sua autoria na Serpentine Gallery em Londres.

O seu talento e dedicação começam entretanto a destacar-se, e, em 1999 recebe o título de Doutora honoris causa em Letras (o título mais importante que uma universidade pode conceder a uma personalidade que se tenha destacado numa determinada área pela sua virtude e mérito dedicado à cultura e educação, aprovado em sessão do Conselho Universitário) pela University of St. Andrews em Fife na Escócia e pela University of East Anglia em Norwich, no Reino Unido.

Recebe esse mesmo título pela Rhode Island of Design nos Estados Unidos da América no ano 2000 e em 2002 recebe pelo The London Institute, em Londres. Em 2005 a Oxford University, em Oxford e a Roehampton University, em Londres, concedem-lhe a mesma honra. Em 2011 é a vez da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa e, em 2015, a University of Cambridge atribui-lhe o seu oitavo título de Doutora honoris causa.

Voltando ao ano de 2001, Paula Rego lança a série composta por 25 litografias Jane Eyre, um livro que fez sucesso e que pode ser encontrado até aos dias de hoje à venda em diversas livrarias. Foi condecorada, em 2004, com a Grã-Cruz da Ordem de Sant’Iago da Espada, concedida pelo Presidente da República Português, Jorge Sampaio. Em 2005, seis das 25 litografias da mesma série foram utilizadas pela empresa Royal Mail para a realização de uma coleção de seis selos no Reino Unido.

Quatro anos depois, foi inaugurada e aberta ao público a Casa das Histórias Paula Rego em Cascais, “um museu dedicado à obra de Paula Rego e Victor Willing”, como referido no site do museu. Em 2010, é nomeada Dame Commander of the Order of the British Empire pela Rainha Isabel II do Reino Unido, pelo seu contributo para as Artes.

Os prémios

Foi também eleita “Personalidade do Ano” pela Associação de Imprensa Estrangeira em Portugal e recebeu o prémio Penagos de Dibujo da Fundación MAPFRE de Madrid, Espanha. Em 2011 a obra “Looking Back”, publicada em 1987, é leiloada por um valor considerado record, 866 mil euros, segundo dados de uma notícia do jornal Público de 29 de junho de 2011.

Em 2013, Paula Rego recebe o Grande Prémio Amadeo de Souza-Cardoso (Consagração) no Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso em Amarante, Portugal. É eleita Membro Honorário do Murray Edwards College em Cambridge, no Reino Unido e, em 2016, recebe a Medalha de Honra da Cidade de Lisboa. Em 2017 ganha o prémio Maria Isabel Barreno e, aos 84 anos, recebe a Medalha de Mérito Cultural do Governo Português e é distinguida com o Prémio Carreira pela revista “Harper’s Bazaar”.

Será uma figura para sempre recordada pelas suas obras inigualáveis. Entre elas constam S. Vomiting the Pátria, O Cadete e a Irmã, A Dança, bem como, as séries Vivian Girls, Aborto, O Crime do Padre Amaro, Dog Woman e Possession, obras que podem ser encontradas na Fundação Gulbenkian e na Fundação de Serralves, tal como em museus e galerias internacionais de valor como o Centro de Arte Reina Sofia em Madrid.