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Economia circular: “só 8% dos portugueses consideram comprar roupa em segunda mão”

Nas últimas décadas tem-se assistido ao aumento de um ecossistema empreendedor em Portugal, talvez potenciado pelo aumento do custo de vida ou pela necessidade de soluções inovadoras para dinamizar a economia e reverter o ciclo de pobreza no nosso país. Uma dessas soluções tem sido o empreendedorismo, e o empreendedorismo não é, necessariamente, sinónimo de criar um produto inovador.

Um projeto inovador pode passar somente pela inovação nos processos ou no posicionamento

O empreendedorismo inovador pode desenvolver-se a partir de um ou vários dos três P’s: Produto, Processo e Posicionamento. Nas últimas décadas, a emergência climática tem gerado uma fervilhante onda de startups (empresas numa fase inicial) que trazem conceitos inovadores e, sobretudo, sustentáveis. A sustentabilidade é, aliás, o princípio de base da economia, um modelo de produção e de consumo que envolve a partilha, o aluguer, a reutilização, a reparação, a renovação e a reciclagem de materiais e produtos existentes, enquanto possível (Parlamento Europeu, 2023).

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O Muda market é “uma startup que traz uma nova forma de vender roupa e vem criar uma economia circular que beneficia, em primeiro lugar, a comunidade.” / Direitos reservados.

A venda de roupa usada não é, propriamente, um conceito inovador. É tão longínquo como a Feira da Ladra, de cuja origem pouco se sabe. Todavia, a TejoMag foi até à Ericeira conhecer a Joana e a Marta, as fundadoras do MUDA market, uma startup que traz uma nova forma de vender roupa e vem criar uma economia circular que beneficia, em primeiro lugar, a comunidade.

Tudo começou com a Joana a vender as suas roupas a amigas, em mini mercados on-line e em casa. Este ano pensou em criar mais do que apenas vender a sua roupa e chegou ao nome MUDA (que significa precisamente mudar de atitude em relação à Fast Fashion). Em Março a Joana e a Marta encontraram-se num evento de troca de roupa e, no final do evento, perceberam que tinham todas as ferramentas para lançar um mercado e daí surge o MUDA market: o espaço, o inventário e, sobretudo, a vontade comum de criar este conceito.

Rapidamente percebemos que o MUDA market pode ser para várias pessoas”.

Fomos perceber o que é o MUDA market e como este projecto é inovador. “Inicialmente éramos só as duas, mas rapidamente percebemos que existem mais pessoas com muitas coisas para vender e convidámos algumas, aqui da Ericeira, a participar neste mercado”. É um mercado de roupa em segunda mão? “Não, é tudo o que tenha qualidade suficiente para ser vendido. O Pedro, por exemplo, colocou pranchas de surf para venda no MUDA market”. E se algum objecto não tiver qualidade suficiente? “Nesse caso, temos uma banca de doação que reverte para outra associação, aqui da Ericeira, que faz recolha e entrega de bens a pessoas carenciadas”. E se o vendedor não puder, por alguma razão, estar presente no mercado? “Aí, temos uma outra banca, com uma pessoa que vende as peças de todas as outras pessoas e recebe uma parte do valor da venda”.

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O medo é o nosso maior travão e dar o primeiro passo parece sempre ser o maior desafio.” / Direitos reservados

Os Portugueses ainda não acolheram totalmente esta prática”

O mercado, porém, não começou sem os seus obstáculos. Desde logo, a localização é um dos fatores críticos para o sucesso deste tipo de empreendimentos e o MUDA marketnão fica muito longe do centro da Ericeira mas, para quem não tem carro, é uma distância desencorajadora. Gostaríamos de ter um espaço mais central, mas todos os espaços camarários implicam longos processos burocráticos e os espaços privados ou são pequenos ou já têm uma agenda cheia”. Por outro lado, refere a Joana, “só 8% dos Portugueses consideram comprar roupa em segunda mão recorrentemente, enquanto os estrangeiros, pelo que vemos, estão mais familiarizados com isso”. Todavia, estes obstáculos externos não vão impedir a realização da segunda edição do MUDA market já no próximo dia 13 de maio.

O medo é o nosso maior travão e dar o primeiro passo parece sempre ser o maior desafio. Confiem e olhem para a frente. Procurem ajuda, façam parcerias. Encontrem naquilo e naqueles que têm ao vosso lado as ferramentas para começar e tudo o resto começa a fluir”. São os conselhos com que a Joana e a Marta, fundadoras do MUDA market, terminam esta entrevista. 

Economia e urgência climática: tema base em Davos

De acordo com o relatório de sustentabilidade climática Climate Check Survey da Deloitte, 62% dos executivos sentem-se pressionados pelas mudanças climáticas. Estamos num momento histórico na luta pela redução de emissão de gases de efeito estufa, na crise global de energia, guerra e instabilidade económica pós-pandemia.

Os eventos climáticos extremos por todo o mundo são tema em Davos nos próximos dias. Com o lema “Cooperação num mundo fragmentado”, o futuro da economia global vai ser discutida por mais de 2.700 participantes. Entre os portugueses presentes podemos citar António Guterres, Mário Centeno, os presidentes da EDP e da GALP, os CEOs da Sonae e da Jerónimo Martins Agro-Alimentar.

Adaptar e mitigar

Já é realidade para as empresas que as mudanças climáticas estão em curso e que as suas consequências serão sentidas a curto, medio e longo prazo. Os esforços com medidas de adaptação para tornar as estruturas mais resilientes aos impactos ambientais são urgentes. Apesar de alguns líderes considerarem os custos reais dos esforços, a adaptação e a mitigação representa uma oportunidade inexplorada para o setor privado. Até 2070 a inação poderia custar mais de US$ 178 triliões além da fome, seca, pandemias e perda de empregos (Deloitte). Entretanto é claro que aqueles que investirem agora terão atuado na transformação da economia para a construção de um mundo mais forte e resiliente aos impactos catastróficos e ainda poderão lucrar US$ 43 triliões com ações no presente.

Para fazer progressos significativos, o setor privado deve ajudar a desenvolver e implementar estratégias de adaptação. Temos o know-how, influência e escala para fazer isso. E acho que o melhor lugar para começar é envolver o ecossistema mais amplo para criar soluções que facilitem a transição para uma economia de baixo carbono. A compreensão dos riscos locais e a execução de planos são as condições básicas para a adaptação e mitigação que incluem ainda a consideração da diversidade de culturas a garantia das infra-estruturas que suportem os novos padrões climáticos e a ajuda às comunidades na redução dos riscos com o aumento do nível do mar e as inundações.