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Slashing, a nova tendência do mercado de trabalho

Há uma nova tendência a emergir no setor dos recursos humanos que promete trazer novidades: o slashing. Ao desafiar as noções tradicionais de carreira, permite aos profissionais explorar múltiplas paixões e fontes de rendimento simultaneamente.

O slashing refere-se, então, à prática de combinar duas ou mais carreiras distintas para criar um portfólio profissional mais diverso. Este conceito tem ganho especial destaque entre os jovens que procuram maior liberdade e flexibilidade no mundo do trabalho.

Os slashers são profissionais que não se enquadram na definição convencional de carreira. Em vez disso, optam por apostar em múltiplos talentos e fontes de rendimento, muitas vezes através de trabalho temporário, do freelance e de empregos a tempo parcial.

“Esta abordagem permite-lhes explorar os seus interesses e as suas skills, assim como associá-los ao trabalho. Embora ofereça inúmeros benefícios, que incluem a polivalência, a flexibilidade horária e a segurança financeira, esta forma de trabalho também apresenta desafios únicos”, clarifica Rui Rocheta, Chief Regional Officer Southwestern Europe & Latam da Gi Group Holding.

Os ricos do slashing

Os slashers têm de equilibrar múltiplas atividades e evitar o burnout devido à carga de trabalho adicional. Além disso, podem encontrar resistência por parte de potenciais clientes ou empregadores que questionam o seu compromisso com cada uma das suas atividades.

De qualquer modo, considerando a instabilidade verificada na economia global, o slashing continua a ser uma opção atraente para muitos profissionais. Num mundo cada vez mais orientado para a economia freelance e para as novas tecnologias, os slashers estão bem posicionados para se adaptarem e prosperarem. “Com a procura por competências diversificadas, este grupo de pessoas tem a oportunidade de se destacar no mercado de trabalho do futuro”, completa o especialista.

À medida que o mundo do trabalho continua a evoluir, o slashing representa uma abordagem inovadora e dinâmica para a construção de uma carreira. Com uma mentalidade de aprendizagem contínua e adaptação às mudanças, estão preparados para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que o futuro traz.

São cada vez mais os portugueses com dois ou três empregos

Mais de 251 mil trabalhadores acumularam dois ou mais empregos durante o ano passado, em Portugal. Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgados pelo jornal Expresso, mostram que há três anos que o número de portugueses com mais de um emprego está a aumentar, depois de ter registado uma tendência inversa entre 2019 e 2020.

No último ano, foi batido o recorde de trabalhadores nesta situação, embora este tipo de dados só seja recolhido pelo INE desde 2011. Ou seja, não é possível apurar com exatidão se, no passado, foi registado um número superior de trabalhadores a acumular dois ou mais empregos.

grafico_empregos São cada vez mais os portugueses com dois ou três empregos

O crescimento do desemprego no último ano e o aumento do custo de vida (sobretudo desde 2021, explicado através da subida dos preços e também das taxas de juro) podem ajudar a explicar este fenómeno. No ano passado, a taxa de desemprego anual foi de 6,5%, quatro décimas acima do registado em 2022. Ainda assim, abaixo da estimativa do Governo.

Em janeiro, havia 346.000 desempregados em Portugal. A taxa de desemprego entre os jovens continua a ser a mais alta: 20,3% (subiu 1,2%).

Precariedade entre os licenciados

Sem surpresas, os licenciados continuam a ser o grupo de pessoas com maior número de trabalhadores a acumular empregos. Os dados do INE mostram que, no último ano, 141.900 pessoas com dois ou mais trabalhos tinham formação superior. De seguida, os detentores de ensino secundário (55.800) e, por fim, de ensino básico (53.300).

Mas foi entre os menos qualificados que se registou o maior crescimento de casos em 2023. Subiu mais de 10%.

Outro dado fornecido pelo INE está relacionado com os contratos precários (vinculações a termo ou prestadores de serviços), que aumentaram pela primeira vez desde 2019, para 17,4%.

 

Saiba o que é o rust out, o novo burnout

O termo “rust out” está a ganhar destaque no contexto profissional e, de acordo com especialistas, representa uma realidade crescente que merece atenção.

Enquanto o conhecido “burnout” é resultado da incapacidade de gerir o stress crónico no local de trabalho, o “rust out” é muitas vezes considerado como o “primo aborrecido” desse esgotamento.

Este manifesta-se através de uma falta de motivação para enfrentar projetos com a mesma energia de outrora, potenciais irritações com colegas e a sensação de que a rotina se tornou monótona. É como se alguém se sentisse enferrujado, tendo perdido o entusiasmo pelo trabalho.

Este fenómeno pode afetar tanto a vida profissional como a pessoal, deixando as pessoas com uma sensação de paralisia e infelicidade. De acordo com a coach Emily Button-Lynham, emd eclarações ao Harper’s Bazaar, é especialmente entre as mulheres profissionais de alto desempenho que o “rust out” parece estar a ganhar terreno.

Estudos revelam que as mulheres muitas vezes sentem que precisam de se esforçar mais do que os homens para progredirem nas suas carreiras, o que pode gerar um sentimento de injustiça e desmotivação.

O que fazer?

Para lidar com o “rust out”, especialistas recomendam começar por desenvolver a autoconsciência. É importante dedicar tempo para ligar-se às suas emoções e pensamentos, identificando padrões ou temas que surgem com frequência.

Este processo pode permitir que as pessoas reconheçam os sinais precoces do “rust out” e tomem medidas para reverter essa situação. Ao invés de encarar o “rust out” como um problema, é possível encará-lo como um sinal de alerta necessário, uma oportunidade para repensar e revitalizar a carreira.

Num mundo em constante evolução, a atenção ao bem-estar emocional e ao equilíbrio entre vida profissional e pessoal é crucial. O “rust out” é uma realidade que merece a nossa atenção, pois afeta não apenas a produtividade no local de trabalho, mas também a qualidade de vida das pessoas.

Esta é a melhor altura para enviar um e-mail

Um novo estudo revelou o momento ideal para enviar um e-mail em contexto profissional. Isto se quer evitar que se perca entre as dezenas ou centenas que o destinatário certamente receberá. 

Num mundo em que a comunicação se tornou vital e as linhas entre a vida profissional e pessoal estão cada vez mais ténues, este estudo esclarece quando é o momento certo para enviar e-mails de trabalho.

A Axios HQ, uma empresa especializada em software de comunicações, conduziu uma análise de 8,7 milhões de e-mails com o objetivo de identificar o padrão de envio que maximiza as chances de que as suas mensagens sejam abertas. No entanto, é importante considerar que isso pode também gerar irritação em algumas pessoas.

“Para encontrar o melhor momento para enviar um e-mail interno, analisamos as taxas médias de abertura de 8,7 milhões de envios de e-mail enviados por meio do Axios HQ, uma plataforma alimentada por Inteligência Artificial para comunicações internas, entre janeiro de 2022 e março de 2023″, explica a empresa.

Estas são as melhoras horas para enviar e-mails

Os resultados são surpreendentes: o período mais eficaz para enviar e-mails é a tarde de domingo, nomeadamente as 15h00 e as 18h00. Durante esse período, os e-mails têm uma impressionante taxa de abertura de 94% por parte dos destinatários.

Este valor supera significativamente as taxas de abertura usuais, que variam entre 50% e 76% durante os restantes dias da semana.

O estudo sugere ainda que escolher esse horário permite que as mensagens estão no topo da caixa de entrada durante as horas de pico de leitura, como as manhãs de segunda-feira, quando a semana de trabalho começa.

Horário provoca discórdia

Porém, há especialistas que alertam que enviar e-mails profissionais fora da hora laboral pode prejudicando ainda mais o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.

Matthew Davis, Professor Associado da University of Leeds Business School, no Reino Unido, explica que “há um fenómeno conhecido como ‘invasão tecnológica’. Trata-se de um sentimento de que a tecnologia do trabalho também se está a infiltrar na vida pessoal. A minha preocupação seria se as pessoas vissem isto e pensassem: ‘Vou começar a enviar-lhes mais mensagens de rotina aos fins-de-semana’. Porque para alguns isso é bom, mas há uma boa percentagem de pessoas a quem isto vai aumentar a sensação de sobrecarga”, destaca.

Medidas na lei laboral beneficiam parentalidade, mas ainda “aquém” das expectativas da oposição

Foram aprovadas medidas nas plataformas digitais com a inclusão do regime de plataforma electrónica (TVDE) na presunção de laboralidade, a clarificação dos direitos dos trabalhadores das plataformas e intervenção da Autoridade das Condições do Trabalho nos créditos laborais, acabou a possibilidade de o trabalhador abdicar de direitos no final do seu contrato, o que acontecia por pressão da entidade empregadora, e contemplado o direito a pagamento de despesas em teletrabalho, medidas por iniciativa do Bloco de Esquerda.

A agenda para o trabalho digno representa “uma importante alteração à lei laboral, uma legislação que marca a legislatura”, Mara Lagriminha deputada do PS, admite ter “havido um amplo processo de discussão e de diálogo”.

“Este foi sempre um processo aberto em que se procurou envolver todos os partidos, mas também os parceiros sociais”.

O mesmo não entende Lina Lopes, deputada dos democratas sociais,lamenta” que o Diploma sobre Trabalho Digno não tenha sido discutido em sede de Concertação Social, o que “contraria frontalmente tudo o que tem sido feito na área da Legislação Laboral”. Tal como aconteceu com o teletrabalho, o facto de a lei do Trabalho Digno contornar a Concertação Social e, ser aprovada com os votos de um único partido, o partido do Governo, gera “mau estar e desconfiança”. Chama este ato de “insensibilidade democrática e desrespeito pelas instituições”.

Toda a agenda do trabalho “foi ferida” pelo facto de não terem sido ouvidas todas as partes interessadas, admite Rita Matias, deputada do Chega.  “É fundamental ouvir os trabalhadores, mas também as entidades empregadoras, só assim se consegue chegar a propostas que efetivamente sirvam ambas as partes de forma equilibrada”.

Mara Lagriminha elenca o contrato individual de trabalho e o contrato coletivo de trabalho, que devem fixar na celebração do acordo para prestação de teletrabalho o valor da compensação devida ao trabalhador pelas despesas adicionais.Se não existir esse acordo entre as partes sobre um valor fixo, consideram-se despesas adicionais as correspondentes à aquisição de bens e ou serviços de que o trabalhador não dispunha antes, assim como as determinadas por comparação com as despesas homólogas do trabalhador no último mês de trabalho em regime presencial”. Esta compensação é considerada para efeitos fiscais, custo para o empregador e não rendimento do trabalhador, tornando-se numa garantia muito relevante para impedir que o trabalhador seja onerado por prestar trabalho neste regime.

O dirigente do PCP Alfredo Maia faz uma “avaliação negativa” deste processo. Considera que “a maioria PS apoiada pelo PSD” não quis revogar as normas gravosas do Código do Trabalho, como são os casos da caducidade dos contatos coletivos de trabalho e a chamada presunção da aceitação do despedimento, “mesmo que ilegal, mediante a aceitação do pagamento da indemnização, entre outras”. Por outro lado, justifica, o PS “rejeitou liminarmente as propostas do PCP” com vista à redução generalizada da jornada de trabalho para as 35 horas semanais e sete horas diárias, à restrição ao recurso ao trabalho por turnos e à laboração contínua. O PS “barrou a reposição das compensações pela prestação de trabalho suplementar ou pela cessação do contrato”, segundo o dirigente comunista. “Tão-pouco acompanhou” o PCP na proposta de reposição do princípio do tratamento mais favorável para o trabalhador.

Ainda assim foram dados passos dados “na direção certa, mas demasiado tímidos”, segundo o Livre. Conjugados com outros passos dados na direção errada, a Agenda do trabalho Digno ficou “aquém daquilo que podia ter sido”.

Inês Sousa Real, PAN, alinha com o Livre e diz que apesar de ter havido “alguns avanços importantes, ficou bastante aquém dos avanços que deviam ter sido operados”. A aprovação das faltas por luto gestacional foi, para a deputada do PAN, “um passo importante e uma vitória.”

Para o Bloco de Esquerda a opção do PS na discussão longa da chamada Agenda do Trabalho digno foi “de manutenção de muitas das normas gravosas que foram sendo implantadas ao Código do Trabalho, ao longo de vários anos”. O processo ficou “muito marcado pela resistência do Governo e do PS em mexer em aspectos fundamentais” como a conservação das regras sobre caducidade e sobre o princípio do tratamento mais favorável; a conservação da legislação existente sobre despedimentos coletivos e por extinção do posto de trabalho, que embarateceram os despedimentos e limitaram a capacidade de os trabalhadores os contestarem. A rejeição de medidas de proteção para trabalhadores por turnos; a rejeição da redução do período normal de trabalho para as 35 horas semanais.

Medidas parentais: aumento do direito ao teletrabalho a trabalhador com filho com deficiência, doença crónica ou doença oncológica

Independentemente da idade, que com ele viva em comunhão de mesa e habitação. Nestes casos, os pais têm direito a exercer a atividade em regime de teletrabalho, quando este seja compatível com a atividade desempenhada e o empregador disponha de recursos e meios para o efeito, uma alteração aprovada por unanimidade.

Isabel Pires, deputada do Bloco de Esquerda ao TejoMag, assume que esta medida não constava da proposta de lei inicialmente apresentada pelo PS. Aliás, “o PS foi o único partido a votar contra esta proposta apresentada pelo PSD e, na fase final do processo de especialidade, alterou o seu sentido de voto de contra para a favor.”

A lei do Teletrabalho diz que quem tem crianças até três anos pode ficar a trabalhar em casa. Este direito é extensível até aos oito anos da criança – exceto para funcionários de empresas até dez trabalhadores –, no caso das famílias monoparentais. Mas Lina Lopes recorda que o direito ao teletrabalho contempla mãe ou pai. A lei do teletrabalho aprovada em 2022 diz que qualquer trabalhador tem direito a realizar teletrabalho, caso exista acordo entre a entidade empregadora e o trabalhador.

Apesar do alargamento do direito ao teletrabalho a trabalhadores com filhos com deficiência, doença crónica ou oncológica, fica por implementar a medida para mães que estejam em casa a cuidar dos filhos em idade escolar.

As alterações aprovadas consagram, para os casos de progenitores com filhos com deficiência, doença crónica ou doença oncológica, um regime específico de teletrabalho que não pode ser confundido com a situação geral das crianças na fase da primeira infância.

Para estas, salvo os períodos respeitantes às licenças parentais, o PCP defende a “garantia efectiva dos direitos fundamentais das crianças e dos progenitores”. O PCP quer o direito à frequência gratuita de creches e jardins de infância; para o pai e mãe defende o direito ao trabalho, ao trabalho digno, com horários adequados à articulação entre o trabalho e a vida pessoal e familiar, condição essencial para o desenvolvimento harmonioso e saudável das crianças e das famílias, assim como à plena realização, nomeadamente das mulheres.

Ao criar um regime promotor do teletrabalho das “mães que estejam em casa a cuidar dos filhos na primeira infância”, significaria “perpetuar e mesmo agravar a discriminação da mulher, intensificando a sua exploração com o acumular injusto de tarefas que infelizmente ainda se têm como intrínsecas à condição de mãe, mãe-cuidadora, dona-de-casa e trabalhadora por conta de outrem”. Não é este modelo que defendem.

Inês Sousa Real entende que o teletrabalho “deveria ser uma opção”, e não apenas até aos 3 anos de idade.

O Livre diz mais: de acordo com a lei, o teletrabalho “não pode ser recusado” a quem tenha crianças com idade até aos 3 anos e no caso de uma família monoparental este direito é alargado até aos 8 anos da(s) criança(s).

Quando há duas figuras parentais e ambas com funções que possam ser desempenhadas à distância, o período em teletrabalho pode ser repartido.

Em matéria de teletrabalho e família, espera-se a isenção fiscal dos gastos com teletrabalho.

Sobre as despesas do teletrabalho o Governo ficou de emitir uma portaria onde define os montantes de isenção da tributação da compensação para os gastos em teletrabalho.

À partida estarão incluídas despesas com a com energia, água, telecomunicações ou aquisição de equipamentos, mas deve ser visto caso a caso, pois cada emprego tem as suas próprias especificidades. Rita Matias do Chega aguarda para “ver qual será a prática relativamente a esta matéria e o que decidirão os tribunais”.

Os Cuidadores Informais com direito a trabalhar em tempo parcial

As alterações propostas preveem que os Cuidadores Informais passem a ter uma licença de cinco dias e o direito a 15 dias de faltas justificadas.  Além disso, os cuidadores informais passam a ter direito a teletrabalho, horário flexível ou tempo parcial e passam a estar abrangidos pela proteção “contra o despedimento e discriminação de que tantas vezes são alvo pela sua circunstância”, esclarece a deputada socialista.

A maioria dos Cuidadores Informais são mulheres, maioritariamente familiares da pessoa de quem cuidam (nomeadamente esposas, filhas ou noras), com idades compreendidas entre os 45 e os 55 anos. Para idades superiores compreendidas entre 65 anos ou mais, as cuidadoras são as esposas ou companheiras, e todas elas residem com a pessoa de quem cuidam. Lina Lopes alerta para a situação de os cuidadores apresentarem baixas médicas para poderem cuidar, na maioria dos casos, afastando-se do seu trabalho”.

A deputada social-democrata acredita que ainda se poderia fazer mais “se fosse permitido ao cuidador trabalhar em teletrabalho”, caso fosse acordado entre a entidade empregadora e o trabalhador. Esta medida foi proposta pelo PSD e chumbada pela maioria. Uma medida ainda longe da realidade do mercado de trabalho.

Para o PCP este direito pode contribuir para “não penalizar tanto” os cuidadores informais, mas Alfredo Maia alerta para o “necessário desenvolvimento de ações de políticas públicas de informação dos cuidadores sobre estes direitos e, sobretudo, de promoção das garantias de que não serão prejudicados nos empregos se recorrerem a esta medida”.

O Estatuto do Cuidador Informal (Lei n.º 100/2019, de 6 de setembro), entrou em vigor no dia 6 de setembro de 2019 quando o Governo tinha 4 meses, o Bloco de Esquerda critica a demora “para identificar as medidas laborais necessárias à compatibilização entre a manutenção do emprego e a prestação de cuidados informais, desde a data passaram-se quase 4 anos”, lembra Isabel Pires do BE.

As alterações propostas ao Código do Trabalho nesta matéria “são relevantes”, mas a licença de 5 dias fica “muito aquém da expectativa criada” com o Estatuto dos Cuidadores Informais, bem como “não foram consagradas medidas que salvaguardam a carreira contributiva dos cuidadores informais”.

Estas medidas têm uma “condição prévia” para a sua aplicação que é “o reconhecimento do Estatuto do Cuidador Informal que continua a estar dependente de um conjunto de requisitos limitativos”, como é o caso do reconhecimento da dependência, que tem várias restrições injustificadas, ou do critério da morada fiscal e do laço biológico.

O Chega considera que o direito ao descanso também “tem de ser” assegurado.

Dos 8.122 cuidadores informais reconhecidos pelo Estado, até 31 de março do ano passado, de acordo com os dados do Governo, apenas 181 tiveram direito a descanso.

Mais de 150 medidas e alterações à lei do trabalho seguem para sede de especialidade.

Nuno Boavida e os efeitos da Inteligência Artificial no trabalho: “Todos aqueles fatores de discriminação que já existem podem ser amplificados”

“A emergência da Inteligência Artificial (IA) tem o potencial de criar efeitos disruptivos nos sistemas de emprego em todo o mundo. A futura implantação de algoritmos de largo espectro […] pode levar a mudanças consideráveis nos atuais padrões de trabalho, originar rapidamente muitos desempregados em todo o mundo e desestabilizar profundamente as relações laborais”, pode ler-se na descrição do projeto.

Começo por lhe perguntar o que é a Inteligência Artificial?

É o recurso a programação e algoritmos que permitem aos seres humanos obter informação mais facilmente sistematizada. Normalmente é aliada à tomada de decisão ou a processos de tomada de decisão. É o recurso a técnicas de computação para ajudar os seres humanos. 

Quais os objetivos desta investigação?

O Projeto InteliArt nasce de uma equipa multidisciplinar que encara os últimos desenvolvimentos na IA como podendo vir a ser problemáticos para o emprego, para o trabalho e para a organização em torno destes que existem nas sociedades, particularmente as mais industrializadas. É uma problemática que já há muitos anos estudamos, mas que agora se revela um bocadinho mais acutilante porque existe a aplicação de vários algoritmos considerados de largo espectro, isto é, que poderão ter efeitos em vários sistemas ao mesmo tempo que podem, de um momento para o outro, causar grandes danos nas estruturas económicas e de emprego. Este grupo tem vindo a trabalhar desde janeiro de 2021 e já ganhou vários prémios, como o Prémio Santander e do Ministério da Economia e do Mar em colaboração com a Google.

O projeto pretende analisar três setores em Portugal: o automóvel – porque tem impactos sobre muitas estruturas produtivas e muitas estruturas de trabalho nas sociedades mais industrializadas; o da banca e da logística. Nós temos trabalhado nestes últimos dois anos mais à volta do setor automóvel. Temos já vários artigos publicados sobre essa matéria que resumem um poucos os resultados que temos vindo a alcançar numa perspetiva de compreender qual é a capacidade que a IA tem de realmente ser aplicada às empresas portuguesas dado o elevado contraste na indústria automóvel entre empresas extremamente desenvolvidas e abertas ao mercado Internacional e empresas que simplesmente vivem para o mercado nacional. De facto, a aplicação da IA requer, do ponto de vista da gestão, que exista um conjunto de capacidades instaladas já na empresa, nomeadamente ao nível dos recursos humanos, para que se possa introduzir mais essa camada de tecnologia dentro das empresas. Nem todas as empresas estão capacitadas para receberem IA a sério. 

profnunoboavida_11 Nuno Boavida e os efeitos da Inteligência Artificial no trabalho: “Todos aqueles fatores de discriminação que já existem podem ser amplificados”

“Não é tanto um perigo de despedimento. Não seria por introdução de mais automação e IA que as pessoas perderiam o seu emprego, mas veriam o seu trabalho reafetado”

O primeiro passo foi perceber qual era a taxa de penetração que estes novos algoritmos podem ter na indústria portuguesa e nos serviços associados. Conseguimos perceber que há dois tipos de empresas diferentes: aquelas tecnologicamente mais avançadas que podem de facto receber algoritmos de apoio à produção ou de apoio à gestão. E aí pode haver mudanças nas estruturas do trabalho bastante significativas, embora no setor automóvel as alterações na estrutura do trabalho sejam mais ao nível da organização do trabalho e não tanto ligadas ao despedimento. Ou então à realocação de trabalhadores para outras atividades da mesma empresa. Não é tanto um perigo de despedimento. Não seria por introdução de mais automação e IA que as pessoas perderiam o seu emprego, mas veriam o seu trabalho reafetado. Por exemplo, na produção automóvel a aplicação de IA para a distribuição da cola nos vidros, deixou de ser o operador a pôr a cola e passou a ser um robô a aplicá-la, a analisá-la com IA. O operador passou para trás de um computador e só intervém em caso de défice ou de excesso de cola. Normalmente, são funções mais leves, mais de controlo ou de coordenação.

Está a ser dada formação adequada em Portugal?

Temos visto que as pessoas estão a sair formadas para mecatrónica automóvel, mas não lhes são dados conhecimentos de eletricidade que lhes permitam, por exemplo, agarrar a manutenção dos carros elétricos. Continuam com uma formação antiga para a manutenção de carros a diesel ou a gasolina, mas não saem com qualificações suficientes para poderem lidar com carros elétricos. Meter as mãos num carro elétrico, a pessoa habilita-se a morrer. Torna-se quase um imperativo formar as pessoas com o mínimo para que assegurem a sua segurança. Essa formação mecatrónica automóvel não está a ser dada e estamos preocupados com isso.

profnunoboavida_5 Nuno Boavida e os efeitos da Inteligência Artificial no trabalho: “Todos aqueles fatores de discriminação que já existem podem ser amplificados” 

“A Volkswagen queria instalar uma fábrica de baterias em Portugal, França ou Espanha e fugiu para Espanha. Passou completamente ao lado das autoridades portuguesas”

Por último, o projeto tem permitido também termos um contato mais aprofundado com as estruturas de representação coletiva dos trabalhadores da indústria. Temos feito várias reuniões com sindicatos e comissões de trabalhadores das grandes empresas da indústria automóvel em Portugal para percebermos até que ponto é que estes representantes estão preparados para as transformações que vão ocorrer. Não só do carro elétrico, mas também da microeletrónica que é introduzida dentro dos carros, da preparação para o hidrogénio como alternativa aos carros elétricos. No fundo, a nossa preocupação é perceber qual é o nível de formação e qual é a capacidade que eles têm de também pressionarem as entidades portuguesas para captar investimento direto estrangeiro. 

A Volkswagen queria instalar uma fábrica de baterias em Portugal, França ou Espanha e fugiu para Espanha. Representaria em Portugal um brutal investimento, mas também uma capacidade de projetar a indústria e os serviços nacionais em torno de uma fábrica de baterias. Passou completamente ao lado das autoridades portuguesas. Não vamos conseguir dar o salto para a eletrificação do setor em Portugal.

Medidas para mitigar o impacto da IA no trabalho e emprego

Sabemos de estudos anteriores que existe alguma capacidade de introdução da IA no tecido económico português, mas esse será sempre nas empresas que são mais desenvolvidas ou que têm maior capacidade para se inovar e introduzir estes sistemas. Sabemos que os efeitos no emprego também têm muito que ver com a sensibilização de quem toma essas decisões para acautelar a introdução dessa tecnologia de várias formas. Primeiro, em diálogo com quem, de alguma forma, possa ajudar a pensar e mitigar os efeitos negativos que a IA pode causar. Como é o caso das comissões de trabalhadores e dos delegados sindicais. Por um lado, quem prepara a introdução da IA deve falar com quem vai trabalhar ou com quem representa as pessoas que vão trabalhar de forma a interiorizar essa nova organização do trabalho e ser produtivo. Caso contrário esbarram nos medos da tecnologia, na má vontade, na alienação. Na banca, assim como na logística, poderia ter-se ido muito mais além em termos de introdução de IA. Não se foi por razões de paz social. Se, por má vontade, se quisesse introduzir tudo o que se poderia introduzir, isto levaria a despedimentos, em particular, no setor dos serviços.

profnunoboavida_4 Nuno Boavida e os efeitos da Inteligência Artificial no trabalho: “Todos aqueles fatores de discriminação que já existem podem ser amplificados”

Fala-se em despedimentos e promoções com base em algoritmos. Faz sentido?

Já existe, sejamos claros. Poderão não estar disseminados em todos os setores de atividade económica ou em todas as empresas, mas qualquer empresa de média ou grande dimensão já os tem [algoritmos] a funcionar. Outro lado da mesma moeda é que o recrutamento de novos empregados é feito com IA. A questão é, se no final, quem recebe uma lista de pessoas a despedir tem um juízo a fazer sobre elas, uma monitorização da decisão e capacidade de voltar atrás na decisão ou não. 

“Todos aqueles fatores de discriminação que já existem na sociedade podem ser amplificados com a inteligência artificial”

Quais são os principais riscos da inclusão da IA no trabalho e emprego?

Há vários riscos associados. Uma máquina não é um ser humano pensante com capacidade reflexiva e com capacidade crítica. Não há um ser humano, uma entidade com vida por trás da máquina. Os riscos são também gerados pelas pessoas que criam, mantêm e implementam estes sistemas. Por exemplo: a não informação aos trabalhadores que estão a ser avaliados por IA cria suspeitas, mau ambiente que depois são muito difíceis de contornar. Pode levar à exclusão (sistémica). No fundo, todos aqueles fatores de discriminação que já existem na sociedade podem ser amplificados com a IA. Um erro feito por um ser humano pode ser corrigido; um erro feito por IA muitas vezes é uma caixa negra sobre o qual não se consegue refletir porque não se sabe o que é que se passa lá dentro. Só quem a criou é que consegue explicar. 

O ChatGPT tem despertado enorme fascínio, mas também receios sobre a dissolução de certas profissões. Estamos assim tão perto de ser substituídos por ‘máquinas’?

Em tom de brincadeira, a profissão de jornalista é talvez a mais debatida (risos). Primeiro, do ponto de vista de quem analisa isto há alguns anos, do ponto de vista histórico, não há um salto revolucionário. Quando fizemos a nossa investigação do ChatGPT fizemos uma pergunta sobre a qual somos especialistas e o ChatGPT dá uma resposta que não faz sentido para um especialista. Na melhor das hipóteses, diz umas generalidades. Na pior das hipóteses, diz umas enormidades que não fazem sentido algum. Aparecer – hipoteticamente – um algoritmo de IA que nos vai permitir dar um salto na sociedade da informação, não é verdade. Há de facto alguns desenvolvimentos, em particular do ponto de vista da comunicação, mas não há capacidade de agregar e sistematizar informação. O que há é cada vez mais informação não validada na Internet. Não sou dos que alinha que já há uma revolução em marcha. Claro que pode haver algumas áreas onde isso aconteça. Para já, ainda não aconteceu. Tem havido uma transição natural para a nova economia. Há um adaptar das novas tecnologias, onde o saldo entre os postos de trabalho, que desaparecem, e os novos, que são criados, é igual ou perto de zero.

Filipe Leonardo: “Nunca foi tão fácil arranjar um primeiro emprego como agora”

Em entrevista com Filipe Leonardo, é debatida a importância da preparação para uma entrevista de emprego, seja ela psicologicamente ou fisicamente. Filipe dá também alguns conselhos para quem vai iniciar o seu trajeto no mercado de trabalho e para aqueles que pretendem mudar de área profissional. 

Para conhecermos um pouco mais sobre si, pergunto-lhe como foi a sua trajetória até chegar a Associate Partner na Deloitte?

Na realidade, faz este ano 15 anos que ingressei na vida profissional. Tirei o curso de engenharia eletrotécnica do Instituto Superior Técnico, com especialização em telecomunicações e sistemas de decisão em controlo, há quinze anos. Desde aí que tenho trabalhado em tecnologia e em consultoria tecnológica. Quando terminei o Técnico quis ingressar em consultoria porque via como sendo uma extensão da faculdade, ou seja, a perspectiva de poder trabalhar em múltiplos clientes, múltiplas geografias e desafios profissionais. Era algo que me atraía bastante e foi por isso que apontei sempre para poder fazer parte de uma grande consultora tecnológica. Na altura estive em dois processos de recrutamento, um na Deloitte, onde me encontro neste momento, e outro numa empresa boutique de consultoria mais focada em telecomunicações na Maksen, que foi um spinoff da Deloitte em 2003. Consegui a vaga na Deloitte e, curiosamente, em 2015 foi feita uma aquisição dessa mesma empresa pela Deloitte. Tenho evoluído muito profissionalmente nos vários “degraus da pirâmide” de consultoria, até onde me encontro hoje como Associate Partner. 

Algo que os jovens nos dias de hoje afirmam sentir e viver bastante é a dificuldade em arranjar emprego, principalmente o primeiro. Considera que é mais difícil, atualmente, arranjar trabalho?

Eu tenho uma visão muito positiva em relação a esse assunto. Acho que nunca foi tão fácil arranjar um primeiro emprego como agora. Claro que eu tenho as “lentes” da tecnologia pois é essa a minha área de especialização e onde trabalho, mas, na prática, existe uma grande mudança no trabalho e na forma como o executamos. Com o impacto que a Covid-19 trouxe à nossa sociedade, é normal que existam trabalhos remotos, portanto, em Portugal, posso estar no interior a trabalhar para grandes empresas internacionais e estar a trabalhar para fora. Desta maneira, tenho uma base de empresas “alvo” muito mais alargada do que tinha há uns anos. Tenho muitos amigos nessas circunstâncias e que estão em empresas internacionais a trabalhar de Portugal para fora que, por acaso, é algo que acontece no meu departamento, em que 80% dos nossos serviços são prestados a clientes fora de Portugal. Depois temos também a atratividade do país, ou seja, nos últimos anos Portugal está muito “na moda” principalmente nas áreas tecnológicas e tem existido um conjunto de empresas internacionais que têm trazido os seus centros de inovação e centros de excelência para Portugal, o que tem alargado as oportunidades nas áreas tecnológicas.

Ao contratar alguém, quais são os critérios que utiliza?

Na prática, classifico em duas componentes: uma de soft skills e outra de hard skills. Pela área que represento, da engenharia de telecomunicações, é basilar a existência de um conjunto de competências tecnológicas. Portanto, essas são as hard skills que têm de estar lá e que são fundamentais. Por outro lado, temos as soft skills que são fundamentais num negócio de consultoria, ou seja, o facto de eu conseguir comunicar de forma efetiva com os meus clientes, conseguir compreender as suas necessidades, os seus pain points, como construir soluções adequadas aos seus desafios e, para isso, preciso de conseguir aferir se os candidatos têm essas soft skills que são fundamentais para a execução das suas atividades. 

filipeleonardo2023 Filipe Leonardo: “Nunca foi tão fácil arranjar um primeiro emprego como agora”

Nesse processo de entrevista, existe a necessidade de analisar não só o conhecimento, como também a forma como os candidatos se apresentam?

Sem dúvida. Essa é uma componente das soft skills que é um conjunto de princípios que são basilares, como por exemplo o profissionalismo, a postura, a forma como comunicam, a forma extrovertida como se apresentam por vezes… acabam por ser características de que estamos à procura. O foco não passa pela aparência física. Dos cinco mil funcionários que temos, existem muitos que gostam de adotar uma postura mais descontraída, inclusive na indumentária. Mas damos mais valor à postura da pessoa, aos princípios de profissionalismo e de ética que acabam por não ser negociáveis.

Considera que a primeira impressão importa num contexto de entrevista?

Sim. É algo fundamental e nato à natureza humana. Eu diria que qualquer um de nós, quando conhece alguém, nos primeiros dez segundos acaba por criar logo uma imagem mental dessa mesma pessoa e no mundo profissional é igual. Portanto, essa capacidade de conseguir encher a sala e de conseguir mostrar alguns aspetos das características até mesmo pessoais e da sua personalidade é fundamental.

Ainda são algumas as pessoas que optam por mudar de área a determinada altura da sua vida. No seu ponto de vista, é benéfico mudar?

É e enriquece muito aquilo que é a nossa empresa. Dou-lhe dois exemplos de medidas que implementámos na Deloitte: Um dos programas, inclusive uma marca registada da Deloitte, é o programa Brightstart que, na prática, tem o objetivo de desenvolver cursos profissionais e cursos universitários, em parceria com Institutos Politécnicos. Neste momento, temos mais de cinco programas desta matriz a acontecer em Portugal, com o objetivo de não só conseguir capturar o talento certo, mas também promover o desenvolvimento académico e profissional dos alunos. Um segundo programa que temos é o UPskill, que tem como objetivo recrutar algumas pessoas que decidem “dar uma volta de 180 graus” na sua vida profissional. Temos o exemplo de um membro da nossa equipa que ingressou no ano passado e que era da área da biologia marinha e que tirou uma formação em tecnologias cloud. É o exemplo de alguém que já vinha com uma experiência de dez anos, que trazia experiência numa área muito específica e que deu esta volta na sua carreira e está a ser uma mais valia para a nossa equipa.

Que conselhos daria a um adulto que pretende mudar de área?

Primeiro acho que é fundamental ter um bom equilíbrio entre aquilo que é o objetivo “romântico” do trabalho e aquilo que são as saídas profissionais. Eu posso adorar e saber imenso sobre espécies de caracóis, por exemplo, mas sei que isso não tem qualquer saída profissional. Portanto, é sempre muito importante que exista esta noção de quais são as saídas profissionais dos cursos em que se estão a focar. Depois é preciso que se foquem, que se dediquem, que invistam e que se divirtam ao longo do processo. Nós passamos cerca de dois terços da nossa vida muito focados naquilo que é o nosso trabalho profissional, por isso, que isso seja também uma fonte de prazer. Tenham foco, determinação e resiliência.

Para finalizar e regressando ao tema do primeiro emprego, o que diria se se deparasse com uma pessoa que está à procura do seu primeiro trabalho?

Tenham uma mente aberta! É importante que, no início da carreira profissional, sejam flexíveis e tenham uma mente aberta para os desafios e para aprender. É importante para serem lançados numa área de desconforto, porque é isso que representa o crescimento. É dessa forma que conseguem evoluir e especializar-se. Aproveitem o processo em si. Tem de ser uma altura de novos horizontes e de se poderem encontrar do ponto de vista pessoal e profissional. Não tenham medo do desconhecido, abracem esse desconhecido.