Título da categoria

Autem vel eum iriure dolor in hendrerit in vulputate velit esse molestie consequat, vel illum dolore eu feugiat nulla facilisis at vero eros et dolore feugait.

Arquivo de categoria Sociedade

Portagens voltam a subir nas pontes sobre o Tejo. Saiba quanto

Em 2024, prepare a carteira. Vêm aí novas subidas dos preços a pagar nas portagens das pontes ’25 de Abril’ e ‘Vasco da Gama’. A Lusoponte – empresa que detém a concessão das duas travessias – apresentou ao Governo a proposta de aumento das portagens para o próximo ano e os valores já estão definidos.

Os novos preços são calculados com base numa fórmula matemática que consta no contrato de concessão assinado entre a empresa e o Estado. Define que a percentagem de aumento deve estar em linha com a taxa de inflação de setembro, seguindo depois algumas fórmulas e regras de arredondamento.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística, o Índice de Preços no Consumidor, sem habitação, foi de 3,6% em setembro (muito abaixo dos 9,3% registados um ano antes). Assim, a partir de janeiro, os preços vão subir entre 10 e 30 cêntimos na ponte ’25 de abril’. Na ponte ‘Vasco da Gama’, os aumentos variam entre 15 e 50 cêntimos por passagem.

 

Os novos valores das portagens

 

Ponte 25 de Abril

Classe 1: + 0,10€ 

Classe 2: + 0,20€

Classe 3: + 0,25€

Classe 4: + 0,30€

Novos Preços

Classe 1:  2,10€

Classe 2:  4,60€

Classe 3:  6,20€

Classe 4:  8,05€

 

Ponte Vasco da Gama

Classe 1: + 0,15€

Classe 2: + 0,25€

Classe 3: + 0,40€

Classe 4: +0,50€

Novos Preços

Classe 1:  3,20€

Classe 2:  7,15€

Classe 3:  10,55€

Classe 4:  13,55€

(Classe 1 diz respeito à maioria dos veículos ligeiros. Classe 4 diz respeito à maioria dos veículos pesados de passageiros e mercadorias. Consulte Exceções

 

No ano passado, a Lusoponte apresentou ao Governo uma atualização de preços de 9,3% (taxa de inflação de setembro de 2022) mas o Governo aplicou uma norma travão que limitou os aumentos a 4,5%. Este ano, não haverá travão aos aumentos das portagens nas duas pontes sobre o Tejo.

 

Programa Porta 65 mudou e estas são as novas regras

O programa do Estado destinado a apoiar o arrendamento mudou. O Governo decidiu alterar os moldes do Porta 65 para o tornar mais eficaz e abrangente. Além do fim dos períodos de candidatura, deixa de ser exclusivamente dedicado aos jovens e passa a incluir, num programa paralelo, as famílias monoparentais e que tenham tido quebras significativas nos rendimentos face ao ano passado ou nos últimos três meses. Este último tem um novo nome: Porta 65+

As candidaturas continuam a ser efetuadas através do Portal da Habitação. O Estado tem agora 45 dias para dar feedbackConheça as regras:

PORTA 65 Jovem

– Idade para candidatura continua a ser dos 18 aos 35 anos e o apoio mantém o prazo de 5 anos;

– Deixam de existir períodos de candidatura. Antes, era obrigatório submeter as candidaturas em quatro períodos anuais distintos;

– Deixa de ser obrigatório que a habitação permanente coincida com a morada fiscal;

– Contrato de arrendamento continua a ser obrigatório;

– Mantém-se o valor máximo de apoio por concelho e a taxa de esforço do candidato não pode ultrapassar os 60%;

– Valor médio do apoio está agora nos 260 euros;

– Apoios são concedidos por ordem de chegada.

Paralelamente ao apoio concedido aos jovens, foi criado um novo programa destinado a prestar apoio às famílias vulneráveis.

PORTA 65+ 

– Destina-se a famílias monoparentais de baixos rendimentos ou famílias que tenham visto os rendimentos cair mais de 20% nos últimos três meses. As situações em que se tenha verificado uma alteração na composição do agregado também estão incluídas;

– É obrigatório contrato de arrendamento. Os titulares devem ter residência permanente na morada associada à candidatura;

– Os rendimentos do agregado não podem ser superiores a quatro vezes o valor da renda máxima admitida;

– O valor mensal do apoio não pode ser inferior a 50 euros nem superior a 200 euros. Suporta a diferença entre o valor da renda mensal devida e o valor resultante da aplicação aos rendimentos do agregado de uma taxa de esforço máxima;

– O apoio é atribuído por um período máximo de cinco anos, de forma decrescente.

Descobrir o bairro da Mouraria através de várias culturas

Run Jiang, de origem chinesa, uma das guias do projeto, encontra-se no Largo de São Domingos, o ponto de encontro,  para mais uma visita guiada. Num pequeno dossiê traz pedaços da sua história e do seu país. Como os participantes a quem vai dar visita, – os alunos de português da Fundação Cidade de Lisboa – Run, de 36 anos, também se mudou para Portugal. Apesar do seu português ser exemplar, o passeio pela Mouraria foi em inglês. A sua ligação com o país começou mais cedo, quando partiu da China para a Europa para estudar e conheceu o seu marido, de nacionalidade portuguesa.

Há oito anos a viver em Portugal, faz por manter as tradições da sua cultura no seio da família. Ensina a filha a falar e escrever mandarim e, sempre que pode, cozinha pratos tradicionais chineses. É já habitual em todas as visitas que faz, começar por explicar a bandeira do seu país e recordar a sua terra natal. 

Pelo percurso já traçado e perante uma plateia de diversas idades, desta vez com migrantes vindos das Filipinas, do México, da Tailândia, do Panamá, da Argentina, do Peru, do Irão, da Rússia, do Egipto, da Austrália, da Argélia, do Nepal, da Índia, do Bangladesh e dos Estados Unidos da América, vai recordando o país de origem e fazendo pontes com o património histórico e cultural do bairro da Mouraria.

A igreja de São Domingos foi o primeiro local visitado. Ali começou a purga dos judeus massacrados pela Inquisição, relembrou Run. Daí foram para a Praça do Martim Moniz. No seu dossiê tem uma foto guardada para a ocasião: em posição de meditação, Run, ainda criança, celebra o budismo com um ar sorridente e despreocupado. Mais uma vez, a guia fala de religião, discutindo com os alunos da Fundação Cidade de Lisboa algumas práticas religiosas pertencentes à cultura muçulmana, ligada àquele espaço.

Em frente à Capela de Nossa Senhora da Saúde, Run chama a atenção para os vários dialetos presentes no toldo da Farmácia Mouraria, representativos da variedade cultural do bairro. O Centro Comercial, com grande variedade de lojas, produtos típicos de inúmeros países é um local no qual se integram todas as culturas dos guias ativos do projeto. Pelo menos três guias são do Bangladesh, o que para Carla Costa, coordenadora do Migrantour, é significativo da “dinâmica do território com as suas comunidades asiáticas”. A Mouraria é representativa dessa variedade cultural. “Um dos objetivos da Associação Renovar a Mouraria, criada há 15 anos por um grupo de moradores, é revitalizar o desenvolvimento local. Apesar de ser no centro da cidade, sempre foi um bairro com estigma. Um gueto”, explica. O projeto Migrantour criado em Turim em 2011 e implementado em 2015 em Lisboa, pretende “abrir o bairro, convidar a um lado B do turismo, numa cidade cada vez mais turistificada. É uma tentativa de desterritorializar e, ao mesmo tempo, educar. Criar uma narrativa paralela ao turismo de massa”, prossegue Carla Costa.

O Migrantour “não pretende ser full time, mas sim conciliável com outras atividades profissionais que os guias têm”, conclui. Em Portugal, Run continua com a sua carreira artística, promovendo várias exposições dos seus trabalhos, sendo sempre que possível guia no projeto. 

Como na Mouraria a música não pode faltar, o percurso acabou junto à casa de Severa, numa última celebração da cultura chinesa, com uma canção tradicional.

Horário do Metro de Lisboa não deve ser prolongado na passagem de ano

O Metropolitano de Lisboa não deverá prolongar o horário de funcionamento na noite de passagem de ano. Os sindicatos representantes dos trabalhadores garantem que não estão reunidas as condições necessárias para que “participem no prolongamento da atividade do Metropolitano de Lisboa”, na noite de 31 de dezembro para 1 de janeiro de 2024.

Em causa estão os trabalhos realizados além do horário habitual de funcionamento – das 6h30 à 1h00 – como habitualmente acontece todos os anos. Por norma, nessa noite os comboios circulam com maior frequência e até mais tarde.

A justificação

A explicação está na crise política desencadeada pela demissão do Governo. Como consequência, a administração do Metropolitano de Lisboa informou os sindicatos da suspensão de todas as negociações por falta de orientações do executivo, que a partir desta semana (e até março) passa a trabalhar em regime de gestão.

Nesse cenário, o Governo perde o poder de decisão nas negociações com todos os sindicatos a nível nacional. No caso dos trabalhadores do Metro, um dos processos negociais mais importantes em cima era a regulamentação de carreiras na empresa.

Correu (quase) tudo bem. Luzes de Natal já brilham em Lisboa

Desta vez as luzes de Natal de Lisboa acenderam no momento certo. Carlos Moedas, a dupla Anjos e um grupo de crianças pressionaram o botão que deu luz à árvore de 25 metros que ficará estacionada no Terreiro do Paço até 6 de janeiro. A praça mais conhecida de Lisboa encheu.

Mas a cerimónia ficou marcada por um incidente durante o espetáculo de música e fogo de artifício. Dois foguetes ainda acesos acabaram por cair junto ao arco da rua Augusta, atrás do palco, onde se concentravam algumas dezenas de pessoas. Ninguém ficou ferido.

Gostava de apelar a um cessar-fogo da Câmara de Lisboa. Há um ano a árvore não acendeu, este ano iam acendendo dois ou três munícipes. Imagino a reunião: “A árvore correu mal, este ano devíamos usar fogo de artifício, jogar pelo seguro.” pic.twitter.com/wGknWJouiU

— Zé Pedro Silva (@zepiter) December 3, 2023

As luzes de Natal de Lisboa foram inauguradas pouco antes das 18h00 de dia 1 de dezembro. Vão estar ligadas em horário parcial, todos os dias, a partir das 17h30. O investimento da Câmara de Lisboa rondou os 750 mil euros

Centro Nacional de Cibersegurança alerta para o aumento de ciberespionagem

Na sua quarta edição, o Relatório Riscos e Conflitos 2023 destaca que o ano de 2022 ficou marcado pela “persistência de atividades relacionadas com campanhas de ciberespionagem no ciberespaço de interesse nacional”. Segundo o relatório publicado pelo Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS), “houve um crescimento quantitativo e qualitativo” deste fenómeno, “o que tende a tornar as consequências sobre as vítimas mais gravosas”.

O documento analisado pela TejoMag revela que “a guerra da Ucrânia ajudou a definir um cenário de antagonismo entre geografias e quadros políticos consoante os posicionamentos relativamente ao conflito”. Neste contexto, explica, “Portugal foi alvo de operações que ameaçaram comprometer a informação privilegiada, particularmente no que diz respeito a interesses nacionais e organizações bilaterais e multilaterais das quais Portugal faz parte”. De acordo com o relatório, “enquanto a guerra na Ucrânia não terminar, prevê-se que este cenário se mantenha e possa mesmo agudizar-se”.

Atores estatais entre os principais responsáveis

O Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS) destaca que a prática de ciberespionagem é frequentemente realizada por atores estatais, muitas vezes associados ao spear phishing, um tipo de ataque direcionado a “vítimas específicas”, como responsáveis do Estado ou operadores de serviços essenciais. “Os ataques de ransomware (sequestro de dados para obtenção de um resgate pela sua devolução) tendem a ser realizados por cibercriminosos extorsionistas, mas existem grupos deste tipo associados a alguns Estados, que são acionados a título de ação disruptiva e a coberto de falsa bandeira”, alerta.

Questionado sobre o assunto, o CNCS informa que o relatório “apresenta a informação mais detalhada possível sobre operações, vítimas e agentes de ameaça”. A TejoMag também contactou o Serviço de Informações Estratégicas de Defesa – uma das entidades parceiras do CNCS – para saber quais são os principais atores estatais por detrás desses ataques, bem como o conteúdo e a substância dessas operações, mas não obteve resposta.

O CNCS antecipou que, em 2023, os atores estatais continuassem a representar uma ameaça significativa, ocupando o segundo lugar no ranking de ameaças cibernéticas, logo atrás dos cibercriminosos, cujo principal objetivo é o lucro económico. Consoante o relatório do CNCS, os atores estatais são “grupos com elevado nível de recursos e sofisticação pertencentes à estrutura de Estados ou patrocinados por estes”. Os grupos, explica, “podem fazer parte de serviços de informações ou serem organizações criminosas com apoio de determinado Estado para a realização de acções maliciosas sobre um alvo”.

Como já aqui foi referido, as suas motivações tendem a estar ligadas às “estratégias geopolíticas dos Estados que representam, o que pode passar pela ciberespionagem, mas também pela cibersabotagem, a desinformação ou mesmo a procura de obtenção de ganhos económicos”. Em 2021, o jornal PÚBLICO identificou a China e a Rússia como países associados à ciberespionagem. Quando contactadas pelo referido jornal, nenhuma das respectivas embaixadas negou estar envolvida nos ataques que marcaram o ano de 2020, aos quais o artigo se refere.

Portugal acompanha a tendência

Este fenómeno não é novo e não se limita à realidade portuguesa. “Fora do conflito na Europa, outros atores hostis no ciberespaço, nomeadamente com apoio estatal, continuaram a manter uma atividade regular ao longo de 2022, sobretudo com ações de ciberespionagem nos domínios industrial, diplomático, militar, bem como de reconhecimento de infraestruturas críticas e de vigilância de opositores políticos”, lê-se no relatório do CNCS.

Um relatório publicado pela Agência Europeia para a Segurança das Redes e da Informação (ENISA) em 2018, citado no relatório do CNCS, destaca que “esta ameaça geralmente tem como alvo os setores industriais, as infraestruturas críticas e estratégicas em todo o mundo, incluindo entidades governamentais, transportes, provedores de telecomunicações, empresas de energia, hospitais e bancos”.

“Devemos lembrar-nos de que estamos do lado certo da História”: a primeira vigília pela Palestina

Sob o olhar vigilante das autoridades, dezenas reuniram-se em frente à Assembleia da República, com velas e bandeiras da Palestina. Entre muitos portugueses encontravam-se também membros da comunidade palestiniana e estrangeiros de várias partes do mundo. Na escadaria fez-se um palco improvisado com um microfone aberto a quem quisesse proferir o seu testemunho ou demonstrar solidariedade. 

As palavras declamadas em angústia pelos presentes transformaram a pequena vigília pelas vítimas palestinianas numa manifestação contra o Estado de Israel e os seus aliados. “Abaixo os sionistas”, gritou Mizé, uma mulher magrinha de meia-idade e cabelo grisalho, cujo protagonismo foi subitamente desvalorizado após criticar também o Hamas e a Autoridade Palestiniana. Segundo ela, o “Hamas trata muito mal os seus cidadãos” e Mahmoud Abbas é negligente para com o seu povo. “Talvez não tenham gostado do que estava a dizer”, ouviu-se alguém sussurrar entre a multidão. Durante o discurso, Mizé frisou que o Hamas foi criado por Israel para assassinar Yasser Arafat e eliminar a Fatah.

Músicas e poemas intercalaram a participação dos oradores. Na sua intervenção, Amro Fatayer, membro da comunidade palestiniana, criticou a União Europeia por apoiar um “genocídio”. “Não estamos nos anos 80; isto está a acontecer agora, na era das câmaras e do HD”, lembrou. Segundo Amro, rezar não é suficiente. “É muito importante que continuemos a realizar estas atividades. Não se habituem a ver pessoas mortas; não se habituem a ver crianças a chorar”, concluiu.

Uma estudante alemã subiu ao palco para lembrar que em países como o seu, algumas autoridades locais impediram manifestações de apoio aos palestinianos por receio de incidentes. No seu discurso, e nos que se seguiram, ficou patente a desconfiança dos manifestantes em relação à comunicação social e ao mundo ocidental em geral. “Israel é um Estado terrorista. A comunicação social ocidental não quer que nós vejamos isso”, insinuou. Segundo a jovem, precisamos, enquanto povo, de “levantar a nossa voz”. “Isto começou no dia 7 de Outubro?”, perguntou. “Não!”, respondeu a multidão em uníssono. “Devemos lembrar-nos de que estamos do lado certo da História”, rematou.

A vigília ocorreu um dia após António Guterres ter exigido um cessar-fogo humanitário e ter afirmado que os ataques do Hamas “não aconteceram do nada”. A ideia foi contestada por Israel, que pediu a demissão do Secretário-Geral da ONU.

Como é que a extrema-direita vê o conflito Israelo-Árabe?

Em Portugal, os movimentos nacionalistas, à exceção do Chega — mais associado ao populismo —, apoiam a causa palestiniana. Um exemplo é o grupo Força Nova, também conhecido no Telegram como Nativos.pt. Este movimento, liderado por ex-membros da Nova Ordem Social de Mário Machado, apoia tanto as ações do Hamas, como do Hezbollah, uma organização política e paramilitar libanesa.

No dia 12 de maio de 2021, o partido italiano que deu origem à filial portuguesa reafirmou a sua “proximidade histórica com aqueles que lutam pela liberdade e contra a ocupação na embaixada da Autoridade Palestiniana em Roma”. “Com o povo palestiniano até à vitória! Para o Inferno com os antifascistas e a esquerda, e todos aqueles que reconhecem a legitimidade do Estado sionista imposto pelas potências internacionais e globalistas”, escreveram na rede social russa VK. No que diz respeito à causa palestiniana, as posições dos nacionalistas coincidem com as dos seus adversários políticos.

“Nem Islão, nem Sião”, ouve-se nos corredores do quartel-general do movimento. Segundo foi possível apurar, a Força Nova acredita que há muita “desinformação” sobre o conflito e questiona a culpabilidade das Brigadas Al-Qassam no ataque de 7 de outubro. No entanto, uma fonte próxima da Força Nova garantiu à TejoMag que a opinião no seio nacionalista está longe de ser consensual. Persiste o antissemitismo de um lado, enquanto do outro vinga a islamofobia. Segundo o Força Nova, Israel trabalha “para inundar a Europa com migrantes árabes e africanos”.

A perspetiva do Partido Ergue-te alinha-se com a de outros movimentos nacionalistas. Segundo uma publicação do dia 19 de Julho de 2014, o partido, liderado por José Pinto Coelho, defende que a “política de Israel e dos EUA no Médio Oriente é responsável pelo crescimento da violência naquela região do globo, bem como pelos efeitos colaterais que se manifestam através dos atentados na nossa Europa”. “Longe do maniqueísmo básico, procuraremos estar sempre do lado da justiça, criticando os excessos de ambas as partes e combatendo todas as formas de imperialismo ou limpezas étnicas’, escreveram. Esta posição une todas as facções, pois ambos os lados do conflito são vistos como duas faces da mesma moeda.

Não é uma coisa de esquerda”

O Movimento Armilar Lusitano, conhecido pela divulgação de documentos secretos da Marinha em 2020 e repleto de conspiracionistas, acredita que Israel planeou o ataque do Hamas com o objetivo de unir os diversos setores descontentes da sociedade. Esta hipótese ecoa as teorias da conspiração sobre o 11 de setembro e é difundida como um facto. Segundo foi possível apurar, o M.A.L defende que as autoridades israelitas “permitiram o ataque para terem um pretexto e justificação para uma guerra santa”. Em contrapartida, defendem que os “países árabes devem assumir as suas responsabilidades e intervir imediatamente para deter a arrogância da ocupação sionista e do seu exército fascista”. Segundo a antiga liderança do M.A.L, ouvida pela TejoMag, “o problema é deles”. “A Europa não tem de se intrometer em tudo”, rematou.

De acordo com o canal de Telegram Sentinela, a questão palestiniana não é uma “coisa da esquerda”. O grupo, liderado por Ricardo Marques, ex-membro do Partido Nacional Renovador (agora Ergue-te), afirma que “os sionistas são a origem de todos os problemas mundiais”. No dia 27 de julho deste ano, o canal publicou uma mensagem que dizia: “no dia em que nos livrarmos de todos os sionistas, será o dia em que o mundo poderá viver em paz e harmonia”.

Inimigo do meu inimigo, meu amigo é

Apesar destas posições de apoio vincadas, a esquerda progressista obrigou os nacionalistas a repensar a sua estratégia, optando por uma análise caso a caso e sondando as suas bases. A aliança entre nacional-socialistas e o mundo árabe não é recente. A análise do registo oficial do encontro entre Hitler e o Grande Mufti de Jerusalém, Haj Amin al-Husseini, em 1941, revela uma simpatia e admiração mútuas. De acordo com um artigo do jornal The Times of Israel, ambos eram “aliados naturais”, partilhando os mesmos inimigos: os ingleses, os judeus e os comunistas.

Husseini defendeu a formação de uma frente unida para assegurar a vitória alemã e a independência da Palestina, Síria e Iraque. Tal como em 1941, o conflito surge num momento de instabilidade no Leste da Europa. Se antes a Alemanha lutava pela conquista da Rússia, agora é a Rússia que luta pela Ucrânia e pela consolidação do seu poder regional.

Embora a maioria dos nacionalistas portugueses se alinhem com a Ucrânia, a sua posição em relação ao conflito no Médio Oriente assemelha-se mais à da Federação Russa. Em vários grupos russos de Telegram, como o IntelSlava, o RussianHead ou The Right People Z, a narrativa predominante é pró-Hamas ou, no mínimo, anti-Israel.

Sem emprego e sem habitação: quando o programa de acolhimento chega ao fim

Os dados revelados no estudo do Observatório das Migrações referente ao ano de 2022 abordam especificamente os desafios enfrentados pelos refugiados nos últimos seis meses do programa de acolhimento de ano e meio em Portugal, sob a égide dos mecanismos europeus de apoio à proteção internacional. Neste período crítico, muitos refugiados encontram-se desempregados, sem habitação e enfrentando dificuldades na comunicação devido à falta de proficiência na língua portuguesa.

Será o período de 18 meses suficiente?

Gabriele de Angelis, representante do Portal sobre as políticas públicas sobre asilo (Asylum Policy Lab) da Universidade Nova de Lisboa, defende que os 18 meses não são suficientes e que é preciso saber gerir as expectativas. “Uma pessoa precisa de mais tempo para ser considerada autónoma”, disse à TejoMag. Outra questão prende-se com a definição de autonomia adotada oficialmente. Na opinião do investigador deveria abranger mais situações. Como é o caso de pessoas refugiadas que ficaram desempregadas, mas que são consideradas como preparadas para trabalhar pela ONG que acompanha o seu caso. Ou quando se trata de um agregado familiar e os seus elementos não estejam todos empregados, haver a possibilidade de se considerarem como “autónomos”.

Inês Carreirinho, do Conselho Português para os Refugiados, disse à Lusa que os 18 meses “não são um fim em si mesmo, mas o princípio” e que é preciso fazer uma “reflexão profunda” sobre o que está a correr melhor ou pior.

Um sistema com perspetiva de longo prazo é o que é necessário, afirmou o coordenador do Fórum Refúgio Portugal, Alexander Kpatue Kweh. O tempo pode não ser o fator mais importante quando se trata de acolhimento, pois em certos casos nem cinco anos seriam suficientes.

Gerir expectativas

A coordenadora do Departamento de Apoio e Assistência Migratória do Alto Comissariado para as Migrações, Lyubov Patravchan, partilha a mesma visão de Gabriele de Angelis, defendendo que o acolhimento de refugiados deverá passar também pela gestão de expectativas. Todas as pessoas são um caso diferente, e muitas vezes não estão a par das condições e dificuldades de integração.

Para André Costa Jorge, diretor do Serviço Jesuítas aos Refugiados (JRS), as instituições de acolhimento de pessoas refugiadas são quem sente mais o peso dos 18 meses.

Reencaminhamento para o apoio social

Segundo os dados publicados em 2022, na referida fase de “phasing out”, 25,5% do total de 420 refugiados não tinha emprego, número que tem vindo a diminuir. Em 2020 era de 41,4% e, em 2021, registou-se 37,4%.

Um dos principais desafios dos refugiados em Portugal, como refere o relatório, é o domínio da língua portuguesa, “com uma parte importante dos beneficiários a concluírem o programa de acolhimento sem o domínio da língua, não a entendendo nem falando”.

Depois dos 18 meses de processo de acolhimento, muitas pessoas refugiadas são encaminhadas para apoio social, visto não terem opção de voltar para o seu país de origem. De acordo com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, “o estatuto de refugiado é concedido a uma pessoa perseguida no seu país em virtude da sua raça, religião, nacionalidade, opiniões políticas ou por pertença a um certo grupo social”.

No ano de 2022, apenas 42 pessoas (14,6%) das 288 que concluíram o processo de acolhimento foram consideradas autónomas, sendo que 78,5% foram encaminhadas para apoios sociais, tanto de Organizações Não Governamentais (ONG) como da Segurança Social. A coordenadora do relatório referiu que os dados não significam que os programas de acolhimento estejam a falhar.

 

Lisboa em aviso amarelo

Em Lisboa, um calor insuportável. O termómetro, fora de estação, marcava uns sofridos 30 e poucos graus. Este sábado os autocarros registavam um acréscimo no seu habitual atraso de fim de semana. Quem esperava, procurava refúgio do sol, mas nem as sombras aliviavam as altas temperaturas de uma Lisboa em aviso amarelo.

Muitos passageiros das carruagens do metro saíram na Alameda. Uma hora depois das 15h já a marcha seguia pela Avenida Almirante Reis rumo ao Rossio. Uma multidão de milhares seguia misturando nas suas fileiras novos e velhos, de diferentes classes sociais. Uns traziam camisas, não abdicando da formalidade a que os ensinaram as suas épocas. Outros conjugavam o seu estilo livremente com vestuário em segunda mão e cabelos soltos.

Em Lisboa transpira-se como nos arrabaldes. De lá vinham muitos. Lá, outrora o último reduto, para onde se remetiam os que não tinham condições para pagar uma casa na cidade. Agora não há solução, não há tetos acessíveis, nem na cidade nem nos arrabaldes. Entre cartazes, cores, música e dança gritavam-se palavras de ordem. Pais com as crianças às cavalitas ou repousadas nos carrinhos paravam nos passeios para cumprimentar amigos.

Raro foi não encontrar uma cara conhecida. A manifestação foi de todos: dos que não têm casa, dos que estão em risco de a perder, dos que têm medo e dos que mesmo tendo o seu cantinho garantido, não suportam a angústia da maioria. Este sábado na Almirante Reis, os manifestantes abrandaram a marcha e cantaram Grândola Vila Morena, erguendo os punhos ao alto.

Lisboa está em aviso amarelo, no centro e nos arrabaldes.