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Mais de 300 mil utentes do SNS arriscam perder médico de família

A Administração Central do Sistema de Saúde está a notificar os utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para procederem à atualização dos dados das fichas de inscrição e, assim, evitar que percam o médico de família.

As notificações estão a chegar por e-mail ou SMS. Destina-se, por isso, aos portugueses que têm informação incompleta nas respectivas fichas da base de dados do Registo Nacional de Utentes. O RNU detetou mais de 320 mil casos de inscrições com informação incompleta.

Depois de notificados, os utentes terão 90 dias para regularizar e/ou atualizar as informações junto de uma Unidade de Saúde Familiar. Não é obrigatório que seja o Centro de Saúde da área de residência. Caso não o facam, os utentes podem ser retirados dos registos.

“Para um SNS +próximo fique +próximo. Utente SNS, atualize os seus dados obrigatórios junto de uma unidade de saúde do SNS. Obrigado”. Estima-se que mais de 260 mil pessoas vão receber uma mensagem como esta. Existirá notificação desde que haja um número de telemóvel ou e-mail associado.

SNS quer “registos ativos”, mas “não há limpeza”

Em entrevista à SIC Notícias, o Vice-Presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar explica que o regulamento do RNU estipula que a inscrição pressupõe um registo ativo. O processo é feito através do preenchimento integral dos dados biográficos do utente e a apresentação de documentação de identificação e registo de residência nacional. 

No entanto, a Administração Central do Sistema de Saúde esclarece que não haverá qualquer limpeza. “O que se está a fazer é uma melhoria da base de dados existente”, garantiu André Trindade, também em entrevista à SIC.

Até agora, a atualização de dados era feita pelos assistentes operacionais dos Centros de Saúde. As unidades recebiam as notificações e contactavam os utentes. É importante destacar que o e-mail ou a mensagem nunca vai pedir informações pessoais aos utentes, uma vez que será apenas uma notificação.

Lisboa lança App que revela risco sísmico de edifícios

O lançamento da aplicação móvel de auxílio à prevenção de sismos já estava nos planos da Câmara Municipal de Lisboa. O lançamento foi agora acelerado depois do recente sismo sentido em Portugal, em particular nos distritos de Lisboa e Setúbal. A app está praticamente pronta e será apresentada em breve.

Chama-se LxReSist e foi apresentada na Conferência Europeia sobre Engenharia, que decorreu na cidade. O objetivo é informar os utilizadores sobre a qualidade dos edifícios onde residem ou trabalham. Através de uma catalogação, é avaliada a vulnerabilidade das construções e, dessa forma, permite a prestação de informação útil sobre que ações devem ser adotadas para prevenir os riscos associados a um tremor de terra.

Durante a conferência de engenharia, a responsável pelo projeto explicou que, em cenário de catástrofe, é necessário adotar comportamentos proativos. No caso de um sismo, ter um kit de emergência é fundamental. 

Carlos Moedas destaca a preparação da autarquia para este tipo de ocorrências no “X”, Moedas explica: “Lisboa tem investido na prevenção e preparação da cidade em caso de eventos sísmicos. Através do programa RESIST temos avaliado e reforçado edifícios e viadutos, temos apostado na divulgação de informação junto das pessoas e colocámos duas sirenes de aviso de tsunami em sítios estratégicos”.

Sismo sentido em Lisboa

Um abalo de magnitude 5,3 na escala de Richter acordou centenas de milhares de portugueses. Os relógios marcavam 5h11 quando aconteceu um forte abalo, de curta duração. Um sismo sentido em Portugal, Espanha e Marrocos.

O epicentro aconteceu a 60 quilómetros a oeste de Sines, no distrito de Setúbal. O Instituto do Mar e Atmosfera explica que o tremor de terra teve origem a 25 quilómetros de profundidade. os meteorologistas registaram pelo menos cinco réplicas.

Todas as réplicas foram de baixa magnitude e, por isso, não foram sentidas pela população. Não houve registo de danos materiais ou vítimas.

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Taxa turística rende mais de 200 milhões para Lisboa em oito anos

Desde que começou a ser aplicada, a taxa turística de dormidas já rendeu 203,2 milhões de euros aos cofres da Câmara Municipal de Lisboa. A cobrança acontece há oito anos e a partir de setembro volta a subir.

O executivo camarário decidiu aumentar a taxa de dormidas para quatro euros. O valor é o dobro do aplicado atualmente e, assim, torna-se o mais alto aplicado em Portugal. Em resposta à agência Lusa, citada pela CNN, a autarquia confirma a entrada em vigor do novo preçário a partir do dia 1 de setembro.

No ano passado, a autarquia arrecadou um valor recorde de mais de 40 milhões de euros com dormidas.

A taxa turística é aplicada por dormida e por hóspede, desde que com idade superior a 13 anos, alojado em empreendimentos turísticos e estabelecimentos de alojamento local. Porém, o valor só pode ser cobrado até ao limite de sete dormidas por estadia.

Taxa Turística: 2016, 2019 e 2024

Inicialmente, a taxa turística aplicada em janeiro de 2016 correspondia a um euro por dormida, tanto para hóspedes nacionais ou estrangeiros. Nesse ano, a Câmara arrecadou mais de 11 milhões de euros. O ganho subiu gradualmente com o passar dos anos.

Em 2019, o valor foi atualizado pela primeira vez e duplicou, para dois euros. Nesse ano, o ganho foi de 36,1 milhões de euros.

Nos dois anos seguintes, o lucro com a taxa caiu por causa do impacto da pandemia. Ainda assim, entraram nos cofres da autarquia cerca de 22 milhões de euros. Desde então que o ganho não tem parado de subir e estima-se que bate um novo recorde em 2024.

Já a taxa turística de chegada por via marítima, que se aplica a todos os passageiros que desembarquem de navio de cruzeiro em trânsito, a taxa também duplica, de um para dois euros.

A liquidação compete a quem explora os empreendimentos turísticos e os estabelecimentos de alojamento local do concelho.

Passe Ferroviário a 20 euros. Quando? Não se sabe

O Governo anunciou que vai alargar a oferta do passe ferroviário e que este passará a incluir todos os comboios que circulam em Portugal, à exceção do Alfa Pendular. Além disso, o primeiro-ministro já avançou com um preço: 20 euros por mês.

A medida não é nova. De facto, a única novidade é mesmo o novo custo que o passe ferroviário terá para os utilizadores. Até mesmo a abrangência do passe ferroviário já estava inscrita no Orçamento do Estado para este ano (do anterior Governo PS), mas nunca foi executada. Na altura, a medida partiu de uma proposta do Livre e a ideia seria alargar o título de transporte aos comboios urbanos, interegionais e intercidades. O custo manter-se-ia em 49 euros mensais.

Agora, baixa cerca de 30 euros. Quando? O Governo não avança com datas. É expectável que a medida entre em vigor em setembro e, por isso, o executivo promete novidades “para breve”

“Não é uma benesse. É um investimento nas pessoas, no ambiente, no futuro”, afirmou Luís Montenegro na visita à Festa do Pontal, no Algarve, onde anunciou a medida.

Passe ferroviário: o que existe e passa a existir

O atual passe ferroviário tem cerca de 13 mil utilizadores, permite o uso de toda a rede de comboios regionais de norte a sul do país e custa 49 euros. Foi criado em 2023 e nunca chegou a ser modificado. Aliás, o Livre acusou o Governo de anunciar algo que partiu da iniciativa do partido.

Em reação ao anúncio, a oposição lembra a importância do reforço da oferta. A Iniciativa Liberal diz mesmo: “Do lado da oferta não há nada”

Por explicar está ainda o custo que a medida terá para os cofres do Estado e, se porventura, haverá algum mecanismo de compensação à CP por uma eventual perda de receitas. Assim, há outra dúvida: como vai funcionar a gestão de lugares nos comboios intercidades com a aplicação do novo passe.

À partida, o sistema de carregamento e aquisição será semelhante ao já existente

Estado encaixa quase 3 milhões com Certificados não reclamados

O Estado ganhou 2,9 milhões de euros com Certificados de Aforro que prescreveram e que não foram reclamados pelos herdeiros em 2023. Segundo o relatório anual da Agência de Gestão de Tesouraria e Dívida Pública (IGPC) – citado pelo Jornal de Negócios – o valor arrecadado pelo Estado subiu em relação ao ano anterior.

Assim, feitas as contas, os cofres públicos absorveram mais 400 mil euros em termos comparativos. No entanto, 2023 não foi o ano mais “rentável” para o Estado com os Certificados não reclamados. Em 2021, “perderam-se” mais de 6 milhões de euros e, um ano antes, o valor que reverteu para o Estado superou os 4,7 milhões.

Na prática, a absorção do capital não reclamado está prevista na lei. O Estado português pode arrecadar todo o investimento efetuado em Certificados de Aforro ao fim de 10 anos após a morte do titular. Em contrapartida, não pode ter havido qualquer reclamação do dinheiro investido por parte dos herdeiros.

Em muitos casos, os descendentes não sabem da existência deste tipo de investimento, bem como do volume de capital investido.

Como reclamar Certificados de Aforro?

A reclamação de Certificados de Aforro só pode ser feita junto da IGPC ou num balcão físico dos CTT. Para avançar com o processo, é necessário abrir um processo de habilitação de herdeiros.

É obrigatória a apresentação de uma escritura notarial de habilitação de herdeiros da pessoa que faleceu e um comprovativo de participação de transmissões gratuitas. Além disso, os herdeiros devem apresentar o Cartão do Cidadão do titular e de todos os descendente. Por fim, o IBAN em contas de aforro já existentes.

Se os herdeiros não reclamarem os Certificados de Aforro, o dinheiro reverte para o Fundo de Regularização da Dívida Pública.

Metro de Lisboa terá novas carruagens a circular em 2025

Já estão nas oficinas da Pontinha as primeiras novas carruagens compradas pelo Metro de Lisboa ao Agrupamento Stadler Rail Valencia/Siemens Mobility Unipessoal, no âmbito do plano de expansão com as obras da linha circular.

Tal como as atuais, as 14 unidades triplas também são azuis, cinzentas e vermelhas, mas com a diferença do avanço tecnológico de que dispõe. Estão equipadas com telemetria e, no futuro, terão capacidade de condução autónoma. São mais espaçosas, com mais lugares sentados e em pé e, por isso, estão prontas a dar mais condições de segurança para os utentes.

“As novas 42 carruagens representam um investimento de 72,7 milhões de euros. A aquisição destas novas carruagens constitui um avanço significativo no âmbito da inovação e modernização do Metropolitano de Lisboa, com o consequente aumento da qualidade do serviço e da oferta, bem como na melhoria da sua experiência de viagem”, explica o Metro de Lisboa, em comunicado.

O Ministro das Infraestruturas garante que, a partir de janeiro, os utentes do metro podem contar com melhor material circulante. “Há 22 anos que não existiam comboios novos no Metro, são completamente diferentes das antigas”, destacou Miguel Pinto Luz.

Mais carruagens para o Metro a caminho 

Além da aquisição das novas unidades, o Metro de Lisboa lançou no final de 2023 um outro concurso público internacional para a compra de mais 24 novas unidades triplas (72 carruagens) para reforço da frota. O investimento conta ainda com a opção de aquisição de mais 12 unidades triplas (36 carruagens). O custo base é de 138 milhões de euros.

A empresa justifica o reforço com a necessidade de substituir o atual material circulante que já se encontra em fim de vida. Muitas das carruagens a circular foram adquiridas no final dos anos 90 e outras mais cedo ainda.

O Metro de Lisboa diz que a aquisição das carruagens visa uma melhor oferta, no âmbito do plano de expansão da rede (com mais duas estações e a linha circular) e com a estratégia de promoção da mobilidade sustentável. Além disso, o Governo assegura que está em vista o objetivo de atingir a neutralidade carbónica em 2050.

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Saiba onde vão estar os radares em agosto

A Polícia de Segurança Pública divulga todos os meses alguns dos locais onde decorrem operações de controlo de velocidade através de radares. Os dispositivos podem ser colocados em estradas nacionais, municipais ou vias rápidas. O objetivo é, por isso, combater a sinistralidade rodoviária

Na Grande Lisboa, poderá haver menos carros a circular em agosto. Ainda assim, as autoridades vão estar atentas e autuar quem for apanhado em excesso de velocidade.

LISBOA

2 – 14h00/17h30 – Avenida Padre Cruz – Lisboa
5 – 8h30/12h00 – Estrada de Leião, Porto Salvo – N/S
5 – 13h30/16h00 – Av. da República – Oeiras – Sentido Poente/Nascente
7 – 14h00/17h30 – IP7 (Eixo Norte/Sul) – Lisboa
8 – 8h30/11h30 – Estrada Nacional 250 – Baratã – Algueirão
12 – 14h00/17h30 – IC2 – Santa Iria de Azoia
13 – 9h00/16h00 – Av.ª Conde Castro Guimarães/Est. dos Salgados – Amadora
13 – 20h00/24h00 – EN10, Km 126,3 – Alhandra,
14 – 10h00/12h30 – Avenida Infante D. Henrique – Lisboa
20 – 9h00/17h00  – Avenida Marginal – EN6 Hotel Miragem – Cascais
26 – 9h00/12h00 – Rua Almirante Gago Coutinho – Ramada
26 – 14h00/17h00 – Avenida Nicolau Breyner – Loures

SETÚBAL

8 – 9h30 – Avenida do Mar, Corroios – Seixal
20 – 8h30 – EN10 Km 42.3 – Setúbal
20 – 9h00 – Avenida Arsenal do Alfeite, sentido Corroios – Almada
21 – 9h00 – Avenida Fuzileiros Navais – Barreiro
29 – 15h00 – Circular Externa – Montijo

Radares móveis vs. radares fixos

Do mesmo modo que são anunciados alguns dos locais de controlo de velocidade, é importante relembrar que, por lei, a Polícia de Segurança Pública não é obrigada a assinalar os radares móveis. Por outro lado, há vários anos que divulga alguns dos troços onde estará presente, na campanha “Quem o avisa…”.

Dessa forma, a legislação em vigor prevê que isso tenha de acontecer apenas com os radares fixos, como é o caso dos dispositivos SINCRO.

O dispositivo de radares fixos foi ampliado recentemente.

Reembolso de propinas: Tens ou não direito?

Os estudantes que terminaram as licenciaturas e os mestrados em 2023 já estão a receber o reembolso do valor que pagaram pelas propinas nas contas bancárias. O Governo anterior implementou a medida mas só tem efeitos práticos agora, já sob gestão do executivo social-democrata.

Os reembolsos não são automáticos. Nesse sentido, era necessário que os estudantes preenchessem um formulário eletrónico para os receber e a data limite era 31 de maio

Assim, milhares de jovens candidataram-se e muitos são elegíveis a receber o dinheiro. O Ministério da Educação recebeu mais de 175 mil pedidos. O prémio salarial oscila entre os 697 euros – pago por cada ano de licenciatura – e os 1.500 euros – igualmente reembolsados aos estudantes –  por cada ano de mestrado.

Quem tem direito ao reembolso?

A devolução de dinheiro pago pelas propinas obedece a várias regras que, desde logo, tornam milhares de estudantes inelegíveis a recebê-lo. 

O prémio aplica-se a jovens trabalhadores residentes em Portugal, com idade até aos 35 anos à data de atribuição do benefício. Quem completar 36 perde direito ao apoio. É necessário completar a licenciatura ou o mestrado a partir do ano de 2023 e seguintes. Estão, ainda, incluídos os graus académicos obtidos no estrangeiros, desde que reconhecidos em Portugal.

É igualmente necessário que os jovens tenham rendimentos por trabalho dependente ou independente (categorias A ou B). Além disso, a declaração de IRS (preenchida isoladamente dos pais) teria de ser entregue no prazo legal. Os candidatos devem ter também a situação tributária regularizada.

O prémio também se aplica a licenciados e mestres que tenham obtido o grau académico em data anterior a 2023, desde que o número de anos decorridos desde a atribuição do grau académico seja inferior ao número de anos do ciclo de estudos.

Assim, um jovem que tenha concluído o mestrado em 2021 já não tem direito a receber de volta o valor pago pelas propinas, uma vez que já passaram os referidos dois anos sobre o grau académico.

Outra dúvida surge em relação aos recém-graduados que se encontram em situação de desemprego. Nestes casos, os jovens só podem pedir o apoio quando começarem a trabalhar, desde que não tenham passado os anos correspondentes à duração do curso.

Como é feita a devolução das propinas?

O reembolso das propinas é feito através de transferência bancária. O IBAN deve estar devidamente atualizado no portal da Autoridade Tributária e Aduaneira.

Portugal precisa de 1.000 dádivas diárias de sangue

“O pior já passou”, esclarece o diretor do serviço de sangue do hospital de Santa Maria, depois da maior unidade de saúde do país ter adiado quatro cirurgias programadas por falta de reservas.

Segundo Álvaro Beleza, o problema foi sentido no início de julho, quando foram adiadas cirurgias. Em declarações à Rádio Observador, o médico diz, no entanto, que em 2024 o período crítico chegou mais cedo “por três razões: Férias, atividade cirúrgica maior que o normal e os picos de Covid-19.

Habitualmente, a falta de sangue nos hospitais sente-se em agosto (no verão) e em dezembro (no período do inverno). Segundo Álvaro Beleza, os hospitais estão assim a realizar mais cirurgias para responder ao problema das listas de espera no Serviço Nacional de Saúde. 

Nesse sentido, só este ano, foram realizadas mais 15% de cirurgias programadas. “Este ano estamos a operar muito mais que nos últimos anos. A recuperação das listas de espera implica mais cirurgias”, conclui.

Dádivas de sangue são urgentes

Em maio, a Federação de Dadores Benévolos já tinha alertado para a carência de sangue nos hospitais portugueses, sobretudo em quatro grupos sanguíneos.

As reservas continuam em baixo nos grupos de sangue A +, B -, O + e O –, onde se encontram alguns dos tipos mais raros.

sangue_02-300x107 Portugal precisa de 1.000 dádivas diárias de sangue

Segundo o diretor do serviço de sangue do hospital de Santa Maria, Portugal tem cerca de 300 mil dadores de sangue regulares. Este grupo de pessoas faz entre uma a três doações anualmente.

Por isso, para suprimir as necessidades dos hospitais em Portugal, são necessárias cerca de 1.000 doações de sangue todos os dias. Álvaro Beleza destaca a resposta dos portugueses, sobretudo nas alturas mais críticas, e elogia o papel dos mais jovens.

Os componentes sanguíneos têm um prazo limitado de armazenamento, nomeadamente os concentrados de eritrócitos perdem a validade ao fim de 35 a 42 dias, e as plaquetas ao fim de cinco a sete dias.

Saúde Materna: Entre a medicalização excessiva e a humanização do Parto

Segundo o relatório das Nações Unidas sobre a situação da população mundial na saúde e direitos sexuais e reprodutivos, divulgado a 17 de abril deste ano no Instituto Camões em Lisboa, nas últimas duas décadas assistiu-se a uma diminuição global da mortalidade materna (número de mortes relacionadas com a gravidez e o parto por 100 mil recém-nascidos) de 34%.

Apesar de “o rácio de mortalidade materna ser universalmente considerado como um indicador importante da qualidade dos cuidados de saúde obstétricos”, este número mascara uma realidade bipolar, em que ao mesmo tempo que nos países em desenvolvimento se procura, ainda, “trazer cuidados seguros e acessíveis a todas as mulheres”, nos países desenvolvidos está a haver uma “rápida expansão de práticas criadas para começar, aumentar, acelerar, regular ou monitorizar o processo fisiológico do parto”.

O objectivo destes últimos é o de melhorar os resultados para as mães e os seus bebés”, mas, tendo-se generalizado, “têm sido levantadas cada vez mais questões no que toca ao valor de níveis tão altos de intervenção”, dado que esta medicalização, “tendencialmente mina a própria capacidade da mulher de dar à luz e impacta negativamente a sua experiência de parto”.

O que diz a OMS

De facto, segundo a Organização Mundial de Saúde, “muitos dos que tentam melhorar os serviços de maternidade correm o risco” de porem em prática “intervenções que “não ajudam, não são apropriadas e/ou mesmo não necessárias”. Segundo a mesma organização, isto acontece porque, “em muitos países, os obstetras concluem que os cuidados durante um parto normal devem ser similares aos cuidados durante um parto com complicações”.

Embora “não exista um conceito standart ou universal de “normalidade” no parto”, crê-se que “a maioria dos nascimentos, globalmente, ocorrem entre mulheres sem fatores de risco para elas próprias e para os seus bebés, quer no início, como durante o trabalho de parto”.

“Não obstante, a altura do nascimento é crítica para a sobrevivência das mulheres e dos bebés”. Por esse motivo, têm sido “encorajadas a dar à luz em estabelecimentos de saúde. Isto permite assegurar o seu acesso a profissionais treinados e a intervenção atempada no caso de ocorrerem complicações” dado que “a morbilidade e a mortalidade podem crescer consideravelmente se estas surgirem”.

Grávidas saudáveis recebem intervenções clínicas

“No entanto, estas condições não garantem cuidados de boa qualidade. De facto, globalmente e principalmente junto de populações menos privilegiadas, os cuidados maternos indignos prevalecem, o que constitui uma violação dos direitos humanos.”

“O modelo de cuidados durante o parto em muitas partes do mundo permite que seja o profissional de saúde a controlar o processo, o que pode expor uma grávida aparentemente saudável a intervenções médicas desnecessárias que interferem com o processo fisiológico natural do nascimento.”

Os “estudos mostram que uma percentagem substancial de grávidas saudáveis é sujeita a, pelo menos, uma intervenção clínica durante o parto, tal como indução do mesmo, aumento da oxitocina ou cesariana, bem como intervenções de rotina ineficazes e potencialmente prejudiciais, tais como enemas, fluidos intravenosos ou administração de antibióticos.”

O que é a violência obstétrica?

Esta “abordagem intervencionista não é adequadamente sensível às necessidades pessoais da mulher e da sua família, e pode enfraquecer as suas capacidades durante o parto e ter um impacto negativo na sua experiência de dar à luz.”

E quando “a integridade e autonomia da pessoa em processo de conceção, gestante, parturiente ou puérpera, é violada, na forma de interações humilhantes ou não dignificantes, que são experienciadas enquanto tal ou que têm intenção de o ser, estamos perante violência obstétrica”.

“A violência obstétrica é reconhecida como uma forma de violência baseada no género com prevalência global”. E, embora estudos recentes “registem uma normalização de múltiplas formas de maus-tratos no contexto dos serviços de assistência obstétrica em Portugal”, mostrando que “o nosso país não é excepção relativamente a esta problemática”, o Colégio da Especialidade de Ginecologia e Obstetrícia da Ordem dos Médicos relembra que estamos “seguramente entre os países do mundo onde se regista um menor número de maus-tratos durante a gravidez”.

A posição da Ordem dos Médicos

A mesma organização, que a 26 de julho de 2021 foi solicitada a pronunciar-se sobre este assunto, defende também que “embora haja certamente aspetos a melhorar, não devemos deixar que nos confundam e que se crie um ambiente de crispação entre as grávidas, as suas famílias e os profissionais de saúde”, pois, apesar de à Ordem dos Médicos chegarem, esporadicamente, queixas de experiências negativas, quase sempre se constata “que foram cumpridas as boas práticas e que ‘mau trato’ teria sido não se terem providenciado as intervenções que se realizaram”.

Na mesma emissão informativa, o Colégio esclarece que “o sistema público tem de assegurar cuidados equitativos a todas as grávidas, com urgências abertas 24 horas por dia e, tendo as equipas de assistir, ao mesmo tempo, a todo o serviço com que se depararam, isto ocorre umas vezes, de forma tranquila, outras vezes em situações de rutura com casos de vida ou morte pela frente. Esta organização é universal, equitativa, muito eficaz e segura, mas é potencialmente geradora de tensões e conflitos, nomeadamente num momento tão especial e emocional como o parto”

Como solução para esta questão, sugere-se “um esforço contínuo de bom acolhimento e comunicação com as grávidas e as suas famílias”, mas também o “combate de protagonismos e populismos, alimentados por pessoas sem a devida preparação obstétrica, que confundem e minam a relação fundamental de confiança que deve existir entre os profissionais de saúde, as grávidas e as suas famílias.”

Na conclusão da sua comunicação, a Ordem dos Médicos incentiva as grávidas e as famílias a “informar-se junto de fontes credíveis, sem dar ouvidos a fontes manipuladoras, confiar nos profissionais de saúde e colocar-lhes as suas dúvidas e expectativas, sendo que reclamações devidamente fundamentadas são bem-vindas, ao contrário de reclamações sem fundamento que envolvem custos consideráveis e que ocupam muitas horas os serviços e os profissionais, subtraindo-lhes tempo para a resolução de problemas prioritários”.

A legislação portuguesa

Em Portugal, existe desde 2014 legislação que “estabelece os princípios, direitos e deveres aplicáveis em matéria de proteção na preconcepção, na procriação medicamente assistida, na gravidez, no parto, no nascimento e no puerpério”, tanto relativamente à mãe como relativamente “ao pai, a outra mãe, ou a pessoa de referência, e a todas as pessoas que se encontrem na qualidade de acompanhante.”

Esta legislação foi alterada pela segunda vez em 2019, pela Lei n.º 110/2019 de 9 de setembro, revestindo-se esta de especial importância por reconhecer os direitos referidos (que incluem, entre outros, o direito ao consentimento informado, à confidencialidade e privacidade, à dignidade e respeito) seguindo as orientações da Organização Mundial de Saúde e também por decretar que “para efeitos de avaliação e monitorização da satisfação da mulher grávida relativamente aos cuidados de saúde durante a assistência na gravidez e no parto, a Direção-Geral da Saúde (DGS) deve disponibilizar um questionário de satisfação, a preencher por via electrónica, e proceder à divulgação anual dos seus resultados acompanhados de recomendações.”.

Implementação da legislação

Relativamente a este questionário, e embora a lei referida tenha entrado em vigor em setembro de 2019, a recomendação de divulgação anual dos resultados, à excepção de um “Relatório Questionário de Satisfação do Utente – Internamento de Ginecologia – Serviço de Ginecologia e Obstetrícia” publicado a 12 de fevereiro deste ano pela Unidade Local de Saúde de Lisboa Ocidental, parece não ter sido implementada ou pelo menos não de uma forma óbvia, sendo que uma pesquisa online apenas resulta em dois documentos com orientações da DGS, mas que não referem qualquer questionário aos utentes.

Neste documento, divulga-se os resultados de uma avaliação do serviço feita por 16% da população alvo (os doentes do internamento do Serviço de Ginecologia) em que, relativamente ao atendimento em geral, à garantia de confidencialidade e ao atendimento em particular (que aborda ao todo 9 valores, desde a “Amabilidade dos Assistentes Técnicos” até à “Acessibilidade Física”), foi solicitado que avaliassem o atendimento numa escala de cinco valores, desde “Muito insatisfeito” até “Muito satisfeito”.

No entanto, para além da divulgação dos resultados em si e de um espaço destinado à partilha de “Elogios” e “Sugestões de Melhoria”, não existe neste relatório qualquer recomendação da DGS.

Testemunhos de um novo movimento

Para além das recomendações legais e institucionais, que já começam a alertar e a propor solução para a problemática, tem crescido em Portugal um movimento em que mulheres têm dado o seu testemunho publicamente, denunciando situações de violência obstétrica.

Exemplo disso é o testemunho de Patrícia Vinagre, que à TVI conta que a um dia de completar as 40 semanas da gravidez da sua segunda filha é internada por deteção de pré-eclampsia. Informada de que tinha de ser internada e que lhe iria ser induzido o parto, refere que “tentaram-me fazer, e fizeram-me, várias vezes o toque, o qual me magoava muito, não me pediam autorização para o fazer, simplesmente faziam (…) Chorei bastante, desesperada, a pedir que parassem de o fazer”. Patrícia refere que decidiu falar num programa de televisão, porque queria alertar outras mulheres e incentivar a que “não se calassem

Também Laura Ramos, no site da Associação Portuguesa pelos Direitos da Mulher na Gravidez e Parto conta que, “apesar de toda a informação que já tinha, não consegui evitar mais uma péssima experiência de parto num hospital de Lisboa”.  E, “por isso ingressei na APDMGP e decidi tornar-me ativista pelos direitos das mulheres na gravidez e no parto”.

“Nascer com Direitos”

Mia Negrão é outra ativista proeminente pelos direitos na gravidez e no parto, tendo já publicado sobre o tema o livro “O Meu Parto, as Minhas Regras” (publicado pela editora Arena) e fundou também o projeto “Nascer com Direitos”.

No site “Plano de Parto” refere que a violência obstétrica pode traduzir-se em “agressões verbais, proibições e restrições de gritar, de movimentar, de ter acompanhante(s), humilhações, ameaças e coacção” e até mesmo “ofensas à integridade física, nomeadamente empurrões, amarrar a parturiente à cama, fazer pressão e bater na barriga, entre outros”. No entanto, acrescenta que, no fundo, trata-se de “ignorar o carácter natural e fisiológico do parto, que é tomado como patologia em relação à qual existe necessidade de intervenção.”

Para além das denúncias, os/as ativistas avançam com uma solução, exigindo às equipas médicas “uma forma de conduta segura e respeitosa (…) baseada em evidências científicas actuais e guiada por orientações da Organização Mundial de Saúde – OMS”. É aqui que entra o conceito de “Parto Humanizado”.

O que é o parto humanizado?

No site “Meu Parto” esclarece-se que “o parto humanizado não é um tipo de parto” pois, de facto, “dar à luz com uma assistência humanizada significa ter à disposição o melhor amparo médico e tecnológico para garantir a segurança da mãe e do bebé, e só receber intervenções quando for realmente necessário”. Sendo que num “parto humanizado, quem decide os métodos para alívio da dor é a mulher. Nele, não existe um roteiro, todos os recursos são escolhidos por ela e intervenções médicas só são realizadas em caso de necessidade”.

A mesma fonte adianta que “como o corpo feminino é naturalmente preparado para a gravidez e para o nascimento, a equipa de atendimento humanizado respeita a autonomia da mulher. (…) Por isso, o curso natural do trabalho de parto é respeitado e a equipe só interfere se houver necessidade e com o consentimento da mulher.”.

O outro lado do parto humanizado

No entanto, é importante fazer também notar que o parto humanizado não é uma solução simples. De facto, outras fontes alertam para a possibilidade de “a demora em interromper um parto normal com problemas, por exemplo, (…) trazer graves complicações” e que o parto humanizado não será recomendado em situações de “gravidez de risco, gestação tardia ou na adolescência, gravidez de gémeos e em casos em que o bebé está numa posição desfavorável” .

O testemunho de Cristina Cardigo, no seu website, descreve “um parto muito intervencionado que me deixou um amargo na boca”. Tendo escolhido o hospital onde queria que o seu filho nascesse, salienta também que desejava um parto natural. Esse desejo levou a que pedisse, por duas vezes, o adiamento da indução do parto, mesmo informada pela equipa médica de que “aumentava substancialmente o risco de infecção”.

A epidural foi outra intervenção médica que Cristina só autorizou (depois de uma recusa inicial) “quando não aguentava com tantas dores, e sabia que só estava a adiar porque queria sentir-me forte e fazer o processo natural”.

Cristina descreve os momentos imediatamente anteriores ao parto, em que “tinha (…) uma enfermeira em cima da minha barriga a empurrar o bebé por fora. Até que chamou a médica. Iriam usar os fórceps, porque eu não estava a ser capaz.”. Mais tarde, foi informada de que o seu bebé “tinha o cordão enrolado em duas zonas do corpo o que levou a uma dificuldade maior em sair”.

Uma solução complexa

Verifica-se aqui que, tal de como referido acima, a questão do parto humanizado é mais complexa do que à primeira vista se pode notar: ao mesmo tempo que temos a vontade da mãe e da sua família, temos também decisões médicas que podem ter de ser tomadas com conhecimento clínico.